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Biblioteca de Fanzines

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Conflito!

Conflito

Sobre ser boa?
Quando eu penso em que já fui boa, percebo que nunca fui boa em nada.
Nunca fui boa!
Apesar de ter me esforçado um pouco, sei nunca me esforcei o bastante.
Nunca fui boa!

Apesar de escrever noite e dia sobre todos os temas possíveis,
sei que nunca fui boa em nada.
Nunca fui boa em ler meus próprios poemas.
Também nunca fui boa em ler poemas de outros poetas.
Nunca fui boa!

Nunca fui boa em ler livros até o final.
Nunca fui boa em terminar minhas pinturas.
Nunca fui boa em nada que eu começasse.
Nunca fui boa com finais.

Nunca!
Nunca!
Nunca gritei o amor que sentia.
Nunca lutei pelas coisas que eu queria.
Nunca fui boa em nada!
Nunca!

Talvez eu tenha medo de gastar energias demais no trajeto do esforço.
Talvez eu tenha medo de ler meus próprios poemas e me suicidar.
Talvez eu tenha medo de ler outros poetas e me sentir autoconfiante ou pequena.
Talvez eu tenha medo de não gostar dos finais dos livros.
Talvez eu tenha medo de não gostar das pinturas.
Talvez eu tenha medo de terminar as coisas e ficar sem nada.
Talvez eu tenha medo!
Talvez!

E só por que estou num conflito gigante, eu estou escrevendo este dilema.
Nunca fui boa em nada!
Talvez este seja meu grande poema.
Talvez eu tenha medo de gritar, por que ainda não o senti.
Talvez eu tenha medo de lutar, por não ter encontrado um ´´ por que ´´ resistir.
Eu nunca fui boa em nada.
Mas talvez!
Numa remota possibilidade de frações de segundos ou num centésimo de tempo,
quem sabe eu ainda seja?
Nunca fui boa em nada.
Talvez por medo de ser...

Por: Daniela Dias.



Conflito Interno

Conflito Interno

Eu me deparo comigo mesma.
Eu ando para frete e me vejo.
Eu ando para traz e me vejo.
Eu dobro a esquina da rua sem fim e me vejo novamente.
É difícil para mim, ter que deparar comigo mesma em todos os lugares.
Mas eu por querer ser forte, acabo me tornando...

Por onde quer que eu ande, por onde quer que eu vá a verdade é sempre uma:
- Eu me deparo comigo mesma!
Eu me deparo comigo mesma quando acordo e me olho no espelho.
Eu me deparo comigo mesma quando falo com o porteiro.
Eu me deparo comigo mesma quando entro no ônibus e vejo o motorista, o cobrador.
Eu me deparo comigo mesma quando vou à padaria e sou atendida pela balconista.
Eu me deparo comigo mesma, quando entro no trabalho e encontro meus colegas.
Quando recebo a entrega do carteiro, noite e dia, dia e noite, o tempo inteiro...

A todo instante eu me deparo comigo mesma.
Às vezes isso me alucina, me enlouquece, me irrita, me entristece!
Às vezes isso é para mim apenas um ponto de paz e nada mais.
Eu sei que posso fugir de tudo, eu sei posso fugir do mundo.
Eu só não posso fugir de mim mesma.
Por isso que por onde quer que eu ande, por onde quer que eu vá,
 eu me deparo comigo mesma...

Seja refletida em mim mesma no outro.
Seja refletindo a mim mesma no outro.
Seja o outro refletido em mim mesma.
Seja o outro refletindo a mim mesma.
Por onde quer que eu vá, eu me deparo...

Por: Daniela Dias.




(Conexões de Amor)

(Conexões de Amor)

Sobre o reflexo de mim mesma no espelho o que posso dizer!
O que dizer?
Olha!
Estou vazia sem você.
Eu sei que você não pode me ouvir agora.
Eu sei que você está tão distante que é impossível.
Eu sei...

Sobre o reflexo de mim mesma no espelho o que posso dizer!
O que dizer?
Olha!
Estou vazia sem você.
Músicas, poemas, livros, flores e doces não podem mais te alegrar.
Eu sei!
Eu sei que você não pode mais.
Eu sei...

Sobre o reflexo de mim mesma no espelho o que posso dizer!
O que dizer?
Olha!
Estou vazia sem você.
Eu sei que não podemos mais nos tocar.
Eu sei que não podemos mais nos abraçar.
Eu sei que...
Mas olha!
Eu estou aqui...

Sobre o reflexo de mim mesma no espelho o que posso dizer!
O que dizer?
Olha!
Estou vazia sem você.
Eu sei que não tem mais o temos nós.
Ei sei que preciso seguir em frente como você.
Eu sei tudo.
Mas eu sinto saudade do seu gosto de ser.
Eu sinto saudade do seu jeito de viver...

Olha!
Estou vazia sem você.
Já não suporto mais a cor dos girassóis ou a cor dos campos de trigo.
Eu não suporto mais a cor do sol!
Não!
Eu sei tudo me lembra você.
Eu sei que não existe mais um nós.
Eu sei que o céu nos separa!
Mas olha!
Eu só preciso que de algum modo você saiba:
- Que eu sinto saudades, que eu ainda te amo demais...
(Eu estou aqui por você.)

Por: Daniela Dias.





(Combustível) O amor é combustível da vida. A dor o combustível do poeta. Os sentimentos são o combustível dos poemas, versos e frases. No fim, somos nós que decidimos que combustível querermos usar… (Daniela Dias)

(Combustível)

O amor é combustível da vida.
A dor o combustível do poeta.
Os sentimentos são o combustível dos poemas, versos e frases.
No fim, somos nós que decidimos que combustível querermos usar…

(Daniela Dias)

Daniela Dias


Com amor

Com Amor

''Não importa o que nós façamos.
Seja regar uma flor,
ou quem sabe carregar uma pedra
gigante num dia ensolarado!
Se não fizermos com amor,
nada terá adiantado.
E todo esforço será esgotado...

Qualquer ato sem amor
será apenas algo vazio,
coisa sem tato,
feito corpo inabitado.

Precisamos colocar amor
no que nos propomos a fazer.
Por que tudo o que nós fazemos,
desde coisas altamente importantes,
até as coisas mais simples, não importa!
Tudo precisa de amor.

No final das contas,
Tudo o que fizermos ficará tendo
ou sendo um pouco de nós
e do que fizemos...

Portanto,
Façamos então as coisas
com uma pitada de amor.
Por que sem amor,
que sentindo tem fazer qualquer coisa na vida?
Não precisamos ter muito ou  ser muito,
Só precisamos de uma pitada.
Uma pitada de amor já basta
para enfeitar o mundo.''

Por: Daniela Dias.




Colapso

(Pensamentos)

Colapso

Hoje eu acordei às seis da manhã.
Fiz toda minha rotina diária.
Vesti-me e fui para a academia.
Eu já estava caminhando na esteira a pelo menos quarenta e poucos minutos
quando me dei conta que não assisto programas de televisão.
Eu entrei num colapso!
Senti um vazio mental imediato!
Mas dois segundos depois passou...

Tenho vários círculos de amizades.
Cada círculo se comporta de uma maneira.
E em cada um eu me comporto de uma maneira também.
Pelo menos em quatro desses, comentam-se assuntos relacionados
aos programas de televisão.
E nestes, eu me mantenho mais calada por não entender o assunto.
Ficar calada não é um hábito meu, mas sempre pensei que não se podia saber tudo.
Na verdade, eu sempre me incomodei por minhas amigas emendarem
bate papos a fio sobre novelas.
Sempre considerei novela uma coisa tola.
Mentalmente eu as julgava, por que sempre considerei tolo quem assistia novelas também.
Mas dois segundos depois isso também passou...

Bem, a polêmica é que estou com trinta anos.
Não assisti programas de televisão, não vi novelas, não vi tele jornais.
Dediquei-me sempre ao que considerava extraordinário!
A leitura!
O que ainda tenho feito e pretendo continuar a fazer.
Percebi que a falta desse comportamento fez com que naqueles círculos eu
não me encaixei da melhor forma.
E agora eu me pergunto, será que existe uma melhor forma?
Se eu tentasse transmitir conhecimentos literários elas não se interessariam,
da mesma forma que nunca me interessei pelos assuntos relacionados a novelas.
Talvez isso fosse necessário para nós enquanto amigos e amigas.
Só penso que poderíamos agora mudar a forma de nos relacionarmos...

Um novo colapso!
Um novo questionamento!
Eu sou poetisa.
Eu amo leitura, músicas, livros, revistas, pinturas, comidas, teatro e artes de um modo geral.
E não me sinto melhor por ter sido sempre uma pessoa dedicada apenas à leitura.
Sinto-me tola!
É verdade!
Super tola!
Dei me conta de que a novela é uma arte cênica televisionada.
Como nunca pensei nisso?
Frustrada, sinto-me frustrada e tola mais uma vez.
Uma hora de esteira, preciso descarregar o colapso...

Eu estou com trinta anos.
Não assisti programas de televisão, não vi novelas, não vi tele jornais.
Dediquei-me sempre ao que considerava extraordinário!
A leitura!
De fato isso é mesmo extraordinário!
E eu não pretendo parar.
Li,reli, li de tudo um pouco e não me sinto melhor do que minhas
amigas que apenas se dedicaram a ver novelas e a televisão.
Li,reli, li de tudo um pouco e não me sinto melhor do que minhas
amigas que falam um português desconsertado.
Pois, tendo estado tão perto do conhecimento não me abri ao diálogo
com as pessoas que eu rodeava.
Não dei abertura só por que eu não apreciava.
Estou em colapso!
Sinto-me uma ignorante alfabetizada...

Estou em colapso!
Sentindo-me um monte de coisas de um monte de nada.
Pois percebi que tentando ser sempre tão sábia, fui sempre sabichona,
sem saber que não sabia de nada.
Colapso!
Colapso!
Colapso!
Desligo a esteira e olho adiante, na academia tem uma televisão bem grande
e ainda não tinha me dado conta.
Trinta anos!
Estou em colapso!
Admito!
Vou ser melhor de hoje em diante...

Por: Daniela Dias.



Daniela Dias


Coisas que eu amo:

Coisas que eu amo:

Batom vermelho!
Por que me lembra sangue e o sangue me faz lembrar que estou viva.

Café forte!
Por que o cheiro do café me atrai.
Música!
Principalmente no riplay, sou capaz de ouvir a mesma música o dia inteiro.

Livros!
E para mim melhor livro é aquele que me faz viajar sem sair do lugar.

Declarações de amor!
E para mim as melhores são aquelas que encontro no espelho,
na caixa do correio ou dobradas no meu livro.
(Sabe aquelas do coração?)

Eu amo muitas coisas.
Mas, o que eu amo mesmo é viver a vida.
- Um dia de cada vez.

Por: Daniela Dias.

Cinco Segundos

Cinco Segundos

Doze de Fevereiro de dois mil e quinze,
dezoito horas e trinta e um minutos.
Eu estava exausta sentada em minha cadeira
escrevendo uma crítica.
Ela chegou com passo leves por trás e me abraçou.
Foram apenas cinco segundos.
Mas, foram os cinco segundos em que meu mundo parou.
Um abraço!
Cinco segundos!
Foram apenas cinco segundos.
Cinco preciosos segundos!

No primeiro, senti o seu perfume e o frescor de sua pele,
ela tinha acabado de tomar banho.
No segundo, senti sua pele quente e macia,
que por sinal estava cheia de energia nos conectando naquele momento.
No terceiro, senti seus cabelos úmidos escorregando sobre meus ombros.
Enquanto os pingos caiam sobre minhas pernas,
enquanto minha nuca arrepiava.
No quarto, senti seus lábios quentes
com hálito fresco beijando-me no rosto.
Era um beijo de paz e sinceridade!
No quinto, senti o mundo parar de girar,
minhas pernas tremerem e meu coração sacudir forte.
No quinto, senti meu corpo aquecer,
enquanto meu coração acelerava e meu rosto esfriava
por ter sentimentos recíprocos ao abraço dela.
Parece que no quinto segundo senti mais coisas,
como se o tempo pudesse acabar para sempre.

Então depois do quinto segundo, eu girei meu corpo levemente para o dela,
e inclinei meus braços em volta dos delas correspondendo-a.
Olhei para ela enquanto pegava suas mãos,
tocar nas mãos dela me faz sentir tão viva!
E num reflexo quase  instantâneo , nossos olhares se cruzaram.
E eu me perdi.
Ela não sabe, mas eu sempre me perco quando olho nos olhos dela.
Eu sempre perco as palavras, e então a abraço.
Não tenho dúvidas.
Ela me enfeitiça.
Com este poema descrevo aquele momento.

Doze de Fevereiro de dois mil e quinze, dezoito horas e 32 minutos.
Fim do acontecimento.
Eu sorri, ela sorriu.
E o mundo que havia parado voltou a girar.
O céu se abriu.
E em cinco preciosos segundos ele fez eu me sentir viva
novamente só pelo simples fato dela existir naqueles cinco segundos comigo.

Por: Daniela Dias.

R$ Cifrões R$

R$ Cifrões R$


De um modo filosófico, volta e meio me deparo com o seguinte questionamento:
- Quanto custa ser quem sou?
Não o custo emocional, mas o custo real.
Bem, vou detalhar uma fotografia  minha, para responder ao meu pensamento.

O vestido custou R$10,00.
A calcinha, R$12,00.
O batom, R$6,00.
O perfume, R$68,00.
O desodorante, 9,00
Os óculos, R$115,00.
O sabonete, R$2,00.
O creme dental, R$2,00.
A escova de dente, R$ 6,00
O fio dentel, RS2,50.
O salão R$55,00.
O prendedor de cabelo, R$1,00

O colar, os brincos, o anel e a aliança foram presentes.
O aluguel, a energia, o condomínio onde as fotos são tiradas.
A câmera que fotografou, a comida, os lençóis, a água, a internet,
o caderno, a caneta, o computador onde digitei estas letras...
Infinitamente!
Tudo custa dinheiro...

De um modo filosófico significante pude compreender,
que tudo o que me alimentou até o ponto em que fiz a pose para
esta fotografia, custou muito. 
Custou e ainda custa muito!

E mesmo assim ainda me pergunto.
- Quanto custa ser quem sou?
Por que eu me pergunto isto se o que me importa na verdade,
não são os cifrões desta tabela digitada?
A pergunta não está bem direcionada.

- Quanto custa ser quem sou?
Acredito numa resposta bem acertada.
Por que no fim de tudo, morrerei e serei enterrada.
E minha herança serão alguns poemas durante a jornada.
E o que custou muito, não custará mais nada...


(Daniela Dias)






Chuva

Chuva

Hoje a chuva se faz presente!
E eu gostaria mesmo é que a chuva que ouço cair lá fora,
caísse aqui dentro de mim!
Eu gostaria que ela caísse bem de vagarinho lavasse minha dor,
essa que eu sinto por você não estar mais aqui.

Lá fora a chuva cai!
E aqui dentro estou respirando fundo.
Tenho sentido saudades.
E eu gostaria mesmo é que meu cigarro não apagasse,
que o vinho e a música não se acabassem.
Por Deus!
Eu juro!
O que eu gostaria mesmo é que a chuva que cai lá fora agora,
caísse aqui dentro de mim e lavasse as minhas lágrimas.
Lavassem e as levassem.
Essas que me alagam por não ter mais você...

Eu sei que a chuva não fará isso por mim.
Eu sei que o disco uma hora arranha, que o livro uma hora amarela,
e que jamais conseguirei me livrar do que está dentro de mim.
Eu sei que você e o seu cheiro que me prendem.
Eu sei...


Ah!
Juro por Deus!
Eu gostaria mesmo é que a chuva que cai lá fora agora,
caísse bem aqui dentro de mim,
e lavasse este lado negro onde nosso barco naufragado está preso!

Eu não consigo conter essa vontade,
por que tudo o que eu gostaria  mesmo,
é que a chuva que cai lá fora agora,
caísse bem aqui dentro de mim e lavasse você,
que estão presas as paredes deste meu coração.

Mas, eu sei que a chuva, não fará isso por mim!
Então.
Enquanto eu estiver aqui só,
enquanto eu for prisioneira de mim mesma,
enquanto eu estiver como alguém que não vive sem meditar sobre você.
Enquanto isso estiver acontecendo, eu irei sentar fumar, beber e escrever.
Desisto de querer...

Acendo mais um cigarro!
Tomo mais uma taça!
Choro intensamente!
E me deito...

Oh!
Eu juro!
Eu gostaria mesmo é que a chuva que cai lá fora,
caísse aqui dentro de mim  e fizesse você deixar de ser hóspede.
E certa de que isto não acontecerá.
Eu,
Eu!
Desisto...

Enquanto chove lá fora,
eu escrevo isso aqui, num papel qualquer de embrulho de pão.
Só pra constar o que estou sentindo.
Só pra constar o que eu gostaria mesmo que acontecesse.
Só pra constar que desisti de desistir...

Por fim, dizer que você ainda está viva aqui dentro.
Que eu suspiro fundo, quando me lembro do seu sorriso.
Pena que você não pode me ler, pena que você não irá saber.
Ainda te amo...

Mas, eu gostaria mesmo é que a chuva lavasse esse amor,
e o levasse como água da correnteza de um rio.
Enquanto isso não acontece.
E eu sei que a chuva não fará isso por mim!
Vou adormecendo, ora chorando, ora engolindo o choro,
até a chuva decida vir te lavar e levar aqui de dentro.

Por: Daniela Dias.

Chuva


Chuva

Hoje a chuva se faz presente.
Mas eu gostaria mesmo é que, a chuva que ouço cair lá fora, caísse aqui dentro de mim. E bem devagarinho lavasse a dor, essa que eu sinto, por você não estar aqui.
Chuva…

Lá fora a chuva cai e aqui respirando fundo eu desejo mesmo é que, meu cigarro
não apague, nem o vinho, nem a música se acabem. Por Deus! Eu juro!
O que eu queria mesmo é que a chuva caísse dentro de mim e lavasse as minhas lágrimas. Essas que me alagam por não ter você…

Mas, eu sei que a chuva não fará isso por mim.
Eu sei que o disco uma hora arranha, que o livro uma hora amarela, e que jamais conseguirei me livrar do que está dentro de mim. Que é você e o seu cheiro que prendem num absoluto!
Ah! Chuva…

Meu... Ah! Juro por Deus! Eu queria mesmo é que a chuva que cai lá fora, caísse mesmo aqui dentro e lavasse este lado negro onde nosso barco naufragado está preso.
Eu não consigo conter, por que tudo o que eu queria mesmo, é que a chuva que cai lá fora caísse aqui dentro e lavasse você. Você que está presa as paredes deste meu coração.
Mas, eu sei que a chuva não fará isso por mim…

Então... Eu enquanto só. Eu enquanto prisioneira de mim mesma.
Eu enquanto alguém que não vive sem meditar sobre você e sobre o por que,
desisto de querer.
Acendo mais um cigarro, tomo mais uma taça, choro intensamente e me deito.
Eu sei a chuva não fará nada por mim…

Ah! Eu juro! Eu queria mesmo é que a chuva que cai lá fora, caísse aqui dentro e fizesse você deixar de ser hóspede. Como isso não acontecerá, eu!
Eu...
Enquanto chove lá fora, escrevo isso aqui num papel qualquer.
Só pra constar o que estou sentindo.
Só pra constar o que eu queria mesmo que acontecesse.
Só pra constar que desisti.
E por fim dizer que você ainda não morreu no meu coração.
Que eu suspiro fundo quando me lembro do seu sorriso.
Odeio a chuva…

Ah! Pena que você...
Ei! Ainda te amo...
Mas eu queria mesmo é que a chuva lavasse esse amor e o levasse.
Enquanto isso, vou adormecendo, ora chorando, ora engolindo o choro,
até a lembrança  ir se deitar, até a saudade me deixar, até eu reencontrar você.
Pois sei que a chuva não fará nada por mim.
Eu te amo!
Eu te amo!
Você amava a chuva e eu te amo.
Ainda te amo!
Não consigo deixar de amar.

Odeio a chuva…

(Daniela Dias)

Daniela Dias




Chovia

Chovia

Escrever
será sempre
uma despedida.
Outro dia
era dia de chuva!
Eu caminhava na rua.
Chorava!
Chorava,
enquanto chovia.
Até que eu  decidi
que chorar
já não se fazia
necessário pois, chovia.
Sequei as lágrimas,
abri minha sombrinha.
Quis me proteger.
Dos pingos do choro,
dos pingos da chuva.
Já, não se fazia necessário
molhar-me de chuva ou lágrimas.
Parei...


Escrever
será sempre
uma despedida.
Outro dia
era dia de chuva!
Eu caminhava na rua.
Chorava!
Chorava,
enquanto chovia.
Até que  eu decidi
que chorar
já não se fazia
 necessário
pois, chovia.
Decidi acabar com aquele choro.
Acabei..

Era hora de me  secar.
Era hora de partir.
Era hora de tornar-me pó.
Sequei as lágrimas,
abri minha sombrinha.
Quis me proteger.
Dos pingos do choro
dos pingos da chuva.
Já, não se fazia necessário
molhar-me de chuva ou lágrimas.
Parei...

E foi assim
que eu vivi aquele dia.
Em que chovia e eu chorava.
Até que parei.
Pois, chorar não se fazia mais necessário.
Por que chovia.
Era hora de me  secar.
Era hora de partir.
Era hora de tornar-me pó.
Sequei as lágrimas,
abri minha sombrinha.


E quando eu sequei minhas lágrimas,
e quando eu abri minha sombrinha.
E u encontrei a paz que tanto procurava.
Em minha imaginação pulei de um ponte gigante!
Com os olhos secos do choro.
E minha sombrinha colorida aberta.
Me protegendo dos pingos do choro,
 me protegendo dos pingos da chuva.
Enquanto a paz me abraçava eu pensava:
- Escrever
será sempre
uma despedida...

Por: Daniela Dias.



(Chorar)

(Chorar)

Há quem diga que chorar lava a alma.
Há quem diga que chorar não vale à pena.
Eu que sou apenas mais uma pessoa neste mundo tão grande,
presto-me a dizer, ou melhor, a escrever algo sobre choro.
E no meio da minha inconstância diária, reafirmo as duas frases.
Chorar lava mesmo alma.
Mas nem sempre chorar vale à pena.

Aos que choram e aos que não choram digo apenas;
Pra chorar, antes é preciso sentir.
O choro não faz sentido se não for sentido.
Pra chorar, é preciso antes consentir o sentir.
Permitir.
Sentir o sentido de sentir, sentir o gosto desgostoso do sal,
da lágrima, que depois do referido choro não será mais sua.
Chorar é também saber que aquela água morna, transparente e salgada
produzida pelos seus sentidos, as tais lágrimas não serão mais suas depois
que elas atravessarem seus lindos olhos.
Portanto, chorar também é uma perda.

Como se chorar fizesse algum sentido!
Como se sentir fizesse sentido também!
Com maturidade você descobrirá o quanto é difícil controlar as emoções.
Chorar dói, alegra e até alivia.
Mas olha!
Nem sempre chorar se faz necessário.
Nem sempre chorar vale á pena.
Chorar.
Definitivamente chorar não vale à pena, nem o poema.
Com maturidade nos damos conta que o que vale mesmo é o verbo sentir.
Sentir.
Sentido.
Sentindo.

(Daniela Dias)



‘’Por que todo ser humano tem um pedaço de inferno e um pedaço de céu dentro de si. ’’ Por: Daniela Dias.


‘’Por que todo
ser humano tem
 um pedaço de inferno
e um pedaço de céu
 dentro de si. ’’



Por: Daniela Dias.

Poesia


Poesia


Daniela Dias


Céu

Céu

Céu azul!
Ah, este céu azul.
Este céu que sonho alcançar.
Este céu que procuro.
Este doce céu.
Este céu  que chamo de  lar…

Céu azul.
Seus olhos não são azuis, o céu também não é.
Seu rosto, seu gosto, tudo em você é um céu azul.
O céu que sonho alcançar…

Com estrelas, sem estrelas.
Com nuvens, sem nuvens.
Com você, sem você.
O céu, ah o céu azul que eu quero alcançar…

Eu ando por aí sempre de cabeça baixa.
Mas quando eu paro e olho pra cima é você que eu vejo
no céu, céu azul.
Céu infinito!
Céu mais que bonito!
O céu que espero alcançar…

E eu que nunca sonhei nada, eu que nunca quis
nada além da maternidade e escrever poesia, agora sonho e espero com o céu.
O  céu dos teus olhos, o céu da tua boca, o céu que te reluz!
O céu azul…

Por: Daniela Dias.


Certas Coisas

Certas Coisas

20 de dezembro de 2012 às 11h58min
Eu não te culpo pelo amor fracassado
e pelos sorrisos apagados.
Não culpo a vida, não culpo o tempo.
Não culpo o mundo, nem o momento.
 Certas coisas são ou não são e ponto.

Eu não me culpo por ter partido, por ter desistido.
Por ter sido mais forte que você a ponto de seguir em frente!
Eu não me culpo por ter seguido com minha caminhada,
eu não me culpo por nada.
 Certas coisas são ou não são e ponto.

Eu não choro mais, não ouço mais as mesmas canções.
Não uso mais o mesmo corte de cabelo, nem as mesmas roupas.
Não vou aos mesmos lugares, nem escondo melancolias,
cartinhas ou fotografias, por que simplesmente segui em frente por entender que;
 Certas coisas são ou não são e ponto.

Eu não...
Eu não tenho mais os mesmos livros, nem o mesmo linguajar.
Não leio mais revistas em quadrinho, não pulo mais de galho em galho.
Eu descobri o aos frangalhos, que não é culpa minha ou sua,
nem dos discos arranhados, nem dos porta-retratos quebrados.
Não! Não é culpa de nada disso que o amor tenha acabado.
 É que certas coisas são ou não são...

Se entre tantos e tantas, nossas almas se encontraram
e por algum motivo ou por falta de um conjunto de deles,
juntas não permaneceram, a culpa não foi minha ou sua.
Entenda!
 Certas coisas são e certas coisas não são pra ser.
Apenas entenda isso e no fim da jornada ponha um ponto.

Certas coisas são!
Certas coisas não.
Sem culpas e demasias descomedida.
Aceite.
 Certas coisas são, certas coisas não…

Por: Daniela Dias.


Daniela Dias


Caso de Amor

Caso de Amor

Eu tenho um caso de amor incondicional com a poesia.
Um amor além desta vida.
Um amor além do céu, da dor ou da alegria.
Eu tenho uma história de amor com a poesia.

Na poesia eu me descrevo.
Na poesia eu me transcrevo.
Na poesia eu me despejo.
Na poesia eu me reinvento.
Na poesia eu sou o momento.

Eu tenho um caso de amor incondicional com a poesia.
Um amor além desta vida.
Um amor além do céu, da dor ou da alegria.
Eu tenho uma história de amor com a poesia.

O meu amor pela poesia é inabalável.
Doença sem cura, inigualável.
Na poesia eu alivio minhas dores.
Na poesia eu descrevo meus amores.
Na poesia eu me sinto segura.
A poesia é meu pedaço de céu...

Por: Daniela Dias.

Daniela Dias


Cartas para ‘’S’’

(Contando Caso)

Observação: Isso não é um poema, não é um conto, não é uma crítica, não é uma crônica, isso é um caso. Uma história que aconteceu. Um caso que resolvi narrar.

[Algumas coisas acontecem a nossa volta para que possamos perceber a vida.]

Cartas para ‘’S’’

Segunda-Feira, Setembro de 2014.
Bem! Um dia desses bem cedinho acordamos e nos ajeitamos para ir ao trabalho, fomos pelo mesmo trajeto de todos os dias.  E, neste trajeto passamos por um grande muro, um muro comum como outro qualquer. Mas, naquele dia em especial, notamos algumas pessoas lendo algo no grande muro, não resistimos, paramos para ler também. Coisas da curiosidade humana! Bem, a princípio imaginamos que alguém tivesse se acidentado ali, por que de longe vimos flores coladas no muro.
Quando chegamos perto, foi um espanto! Um espanto bom. Não se trava de morte, não pelo menos de morte física. Adivinhe o que era?
- Eram cartas de amor...

Foi comovente ver cartas de amor pregadas num muro às 07h40min da manhã. Afinal, quem faz isso hoje em dia? Ou melhor, com que freqüência se vê algo do tipo?
Cartas de amor!
E, essas cartas foram escritas para alguém.
Eram cartas para ‘’S’’.

Breve descrição:
- As cartas foram escritas com letras aparentemente masculinas. E pelos pronomes utilizados, provavelmente foram escritas para uma mulher.  Os apelos de amor eram bonitos e convincentes, bom pelo menos para nós que estávamos diante daquele muro lendo.
Eram seis cartas direcionadas da seguinte forma;

De alguém para ‘’S’’.

Juras de amor estavam contidas nas cartas, o remetente da carta dizia amar ‘’S’’.
Dizia com uma verdade tão absoluta que não tinha como não se encantar, se emocionar!
Pela forma escrita, deu para notar que as cartas foram escritas por mãos rápidas, e pelo o que havia descrito, ao meu entender era como se, o remetente e ‘’S’’ se conhecessem. Como se fossem, por exemplo, amigos.

O apelo usado não era um pedido de perdão, ou coisas do tipo, como se estas pessoas já tivessem tido algum tipo de envolvimento.
O apelo era o pedido de uma chance.
Apenas uma chance era o que o remetente pedia para ‘’S’’.

Algumas frases das cartas que me emocionaram:

Remetente:
A vida é minha, mas o coração é seu.
O sorriso é meu, mas o motivo é você.
Pegue as rosas ‘’S’’, isso tudo é para você.
Isso é só um gesto do quanto de adoro.

Enfim.
Além das cartas escritas ligeiro, sem remetente e nome concreto do destinatário, também haviam corações desenhados nas cartas. Além disso, duas rosas vermelhas coladas perto das cartas. As cartas foram escritas em papel chamex, com caneta preta, e foram coladas com esparadrapo.
Era bonito de ver!
Perguntei-me, o amor ainda existe?
Vendo isso, eu afirmei a mim mesma.
Existe!
Cartas de amor...

Logo depois dessa euforia rápida durante a manhã, notamos que exatamente ali onde estavam coladas aquelas declarações e rosas de amor, era um ponto de ônibus.
E, fomos embora.
Isso foi assunto entre nós no café antes do trabalho, assunto que rendeu bastante.  E, em eu particular, fiquei matutando isso durante o dia inteiro.
Imagina!
Alguém em pleno século XXI, em meio a toda tecnologia, colocou-se na situação de amor a moda antiga, escrevendo cartas e mandando rosas.
Para mim isso foi o máximo!
Sabe, ter vivido para ver isso.
Um amor poético fora dos livros.

Então eu fiquei pensando;
(O remetente escreveu as cartas e colou no ponto de ônibus, por que provavelmente ‘’S’’ pega ônibus ali.  Então ‘’S’’ com certeza vai ler, pegar as rosas e quem sabe vai dar a tal chance?)
E, o dia passou.
Na volta para casa, passei pelo mesmo caminho rotineiro e um susto! As cartas ainda estavam lá.  Ficamos pensando:
(Talvez ‘’S’’ não tenha pegado ônibus hoje.)

Mas...
As cartas e as rosas permaneceram lá pregadas naquele muro por quatro dias seguintes. E, nestes quatro dias eu vi muitas pessoas diferentes lendo aquelas cartas que foram dedicadas para ‘’S’’, tanto na ida, quanto na volta ao trabalho, vi pessoas fotografando para colocar nas redes sociais.
E a frase de todos era a seguinte;
-O amor ainda existe!

No quinto dia quando eu passei por lá na volta do trabalho, eu estava a pé e sozinha.
Quando parei lá na frente das cartas, tinha uma senhora esperando o ônibus.
Começamos a conversar sobre as cartas, então ela me disse que as cartas estavam lá desde a sexta-feira.
Imagina, as cartas estavam lá não há quatro dias e sim a exatamente sete dias.
Senti um ar de tristeza, uma coisa fria por dentro.
Escura!
Meu coração cortou, sabe! Fiquei com muita pena.
Deu-me aquela vontade de encontrar o remetente e dar um abraço.
Deu-me vontade de encontrar ‘’S’’ e pedir que desse a chance.
Mas, a vida real é mais dura do que aparenta ser...

Como nem tudo é poesia.
Escrevo agora este caso bonito, triste!
De alguém que de tanto amor que sentia o declarou.
Escrevo este caso bonito, triste!
De alguém que pode não ter visto.
De alguém que pode ter visto e não entendido.
De alguém que pode ter visto aquelas cartas e não tê-las aceitado.

Numa fração de segundos eu pensei tantas coisas, que até doeu em mim, de verdade sabe!
Imaginei que tanto de paixão e amor aquele remetente, admirador sentia a ponto de ter coragem de escrever.
Por que ter coragem de escrever o que se sente é muito difícil.
Coisas de gente corajosa mesmo!
Imaginei que aquele remetente, admirador, de tanto amor, comprou rosas vermelhas, para isso foi à floricultura, certamente um dia antes de ir colocar as cartas, por que não teria floricultura aberta tão cedo.
De repente a pessoa estava tão ansiosa que nem dormiu, saiu de sua casa com cartas, esparadrapos e rosas, arriscando-se ao ridículo, por que o amor nos torna tão ridículos.
Foi bem cedinho e deixou seus sentimentos colados num muro.
Não só para ‘’S’’, mas, para que todos vissem...

Imaginei também dentro destes segundos, que o remetente, admirador, escritor daquelas cartas, talvez tivesse ficado por ali de longe vendo.
E isso doeu um pouco mais.
Por que tudo o que podia ser visto na verdade, na realidade do mundo e da vida, é que as cartas não foram correspondidas.
Então, eu as recolhi depois que a senhora embarcou no ônibus.
Este é o caso que eu tenho para contar hoje.
O caso das cartas de amor.
(Cartas para ´´S´´


Breve Poema Sobre este fato:

Ainda.

Ainda existem pessoas que amam.
Amam de verdade a ponto de fazer uma declaração.
Ainda existem pessoas que não vêem este amor.
Ainda existem pessoas que fingem que não vêem este amor.
Ainda existem muitos muros para serem colados.
Ainda existem muitas pessoas precisando ler declarações.
Ainda existem pessoas de coragem.
Ainda existem pessoas sem coração.
Ainda.
Ainda existem muitos ‘’S’’ por aí...

O amor tem que partir de nós, de dentro de nós.
Contudo,  estou narrando este caso só para dizer.
Quer declarar amor?
Declare.
Mas, declare olhando nos olhos.
Assim a expectativa pode talvez, ser alcançada.
Ou até a mesmo a frustração seja menor com a presença.
Ninguém sabe na verdade.
Mas, a chance aumenta com olho no olho.
Por que com olhos nos olhos, o coração não balança!


(Não)
- Não.
Esta foi à resposta para as cartas declaradas a ‘’S’’.
Mas, mesmo assim me comoveu a pensar no amor de um jeito diferente.
E, por este motivo resolvi escrever este caso. Por que aquele amor precisa ficar registrado.
E, para mim este amor partido, não foi o fim, mas recomeço de tudo.
Não...

(Catar para ‘’S’’)

Por: Daniela Dias.

Minhas Redes


Daniela Dias


-Cartas Lacradas-

(Narração)

-Cartas Lacradas-

Pouco tempo atrás, um ano mais ou menos, eu conheci uma garota comum.
Eu não vou descrever sua aparência física, nem dizer o que ela costuma fazer para
 não comprometer sua identidade. Mas ela é uma garota aparentemente fria.
Fria como uma rocha, uma rocha até macia eu diria.

Quando nos conhecemos ela estava em olhando para o mar, eu fiquei observando-a.
Ela olhava, olhava perdida como se estivesse procurando alguma resposta.
Deixei os amigos de lado e fui até ela, senti que precisava.
Nos olhamos, sorrimos e depois do aperto de mãos, nos abraçamos.
Não dissemos nada, apenas nos sentamos e ficamos lá olhando o vai e vem das ondas.
A partir daí estabelecemos um contato, uma amizade.

Outro dia ela me pediu para encontrá-la, e escrever um sentimento dela, pois ela mesma
não saberia. Na verdade, eu não gosto deste tipo de pedido, por que tenho medo de escrever e não corresponder à expectativa solicitada. Mas eu senti que talvez pudesse, expliquei todas estas coisas pra ela, sobre o lance de escrever, como é pra mim.
- Escrever é uma coisa que vem de dentro.

Então fui encontrá-la num barzinho desses bem ‘’boteco’’ mesmo.
Ela vestia uma blusa xadrez, um jeans batido e um usava um brinco bem elegante.
Só de olhar pra ela já percebi que não era sobre alegria que ela queria que eu escrevesse.
Nos sentamos, pedimos uma cerveja pra ela e duas doses de cachaça com limão e sal pra mim.
Fizemos todos os cumprimentos que as pessoas fazem quando se encontram nos sentamos.
Uma pausa de silencio e nenhum sorriso, embora eu até tivesse tentado.

Depois do brinde a vida, a amizade e a poesia e dois copos ela abriu o maço de cigarros,
tirou um isqueiro verde do bolso e o acendeu.
Tragou três vezes com muita força, abaixou a cabeça como se não sentisse coragem mais
 pra falar, eu a encorajei.  ‘’Pode falar sem medo. ’’
Ela parecia amarga, fria, petrificada e naquele momento tudo o que eu precisava era ouvi-la.
 Ouvir o que ela tinha a me dizer, ouvir o que ela precisava me dizer.

Então eu fiquei em silêncio olhando pra ela que já estava acendendo o segundo cigarro.
Tentei esvaziar a mente e atravessar aquelas paredes rochosas em volta dela.
Eu sei que ela só me chamou até lá por que sabia que eu tentaria.
‘’Ver além do que estava por fora. ’’
Então ela me contou o que a afligia naquele momento:
- Eram as cartas fechadas…

(Notem que fiz várias perguntas em meio ao que ela me contava para produzir o texto daqui em diante. Eis agora a narração mais profunda que já escrevi até hoje.)

Quando menina, ela morava com seu pai.
Sua mãe havia a deixado lá com ele por algum motivo.
Ela não tinha memórias que sua mãe a visitava ou ligava.
Naquela época também não havia telefones ou celulares como hoje,
apenas um orelhão em frente a sua casa.
Lembrava-se de uma tia materna que a visitava algumas vezes com pequenos presentes;
Balas, bombons, frutas…

Uma vez esta tia foi visitá-la e perguntou a ela se ela sabia ler e escrever.
Ela ainda era pequena, era claro que não sabia.
Então esta tia disse a ela para aprender, e lhe deu um endereço da casa de sua mãe.
Disse para ela aprender bem logo e a impulsionou a escrever cartas.

Então quando ela guardou aquele papel com endereço dentro de seu travesseiro.
Se esforçou bastante e naquele mesmo ano aprendeu.
Assim que aprendeu a ler e escrever, ela começou a escrever as tão sonhadas cartas para sua mãe. Eu perguntei o que ela escrevia e então ela fez esta narração.

(Cartas)

1ª Carta
De: xxxxxxxxx
Para: Mamãe

Querida mamãe eu sua xxxxxxxx filha. Estou com xx anos, e eu moro aqui em xxxxxxxxx/xx.
Eu estudo na escola xxxxxxxx e estou na xxxx série. Eu queria muito te ver um dia.
Eu sonho conhecer a senhora. Beijos te amo.

Assinado: xxxxxxxxx sua filha.


2ª Carta
De: xxxxxxxxx
Para: Mamãe

Querida mamãe acho que a senhora não recebeu minha carta, todo dia eu espero o carteiro e ele fala pra eu esperar mais um pouco que sua carta vai chegar.  Acho que você não recebeu ainda por isso estou te mandando outra. Hoje eu fui ao dentista da escola e fiz obturação.
Eu não chorei lá no dentista, por que no dia que você vir me buscar eu quero estar com o dente bem bonito.  Beijos te amo.

Assinado: xxxxxxxxx sua filha.


3ª Carta
De: xxxxxxxxx
Para: Mamãe

Querida mamãe acho que a senhora não recebeu minha carta ainda, o carteiro me falou que o caminhão do correio tombou e que ele aposta que minha carta estava lá naquele caminhão. Então estou te mandando esta, por que dessa vez você vai receber. Eu vou dançar quadrilha na escola daqui uns dias. Meu sonho é você vir me buscar. Eu te amo muito! Beijos te amo.

Assinado: xxxxxxxxx sua filha.



4ª Carta
De: xxxxxxxxx
Para: Mamãe

Querida mamãe acho que a senhora não recebeu minha carta ainda, o carteiro me falou que a moça do correio foi ganhar um bebê e não está trabalhando, por isso minha carta não deve ter chegado. Então estou te mandando mais esta. Agora eu vou escondida lá no correio perguntar se sua carta chegou, por que eu acho que o carteiro não está trazendo minhas cartas. Eu vou ser a princesa Isabel na escola daqui uns dias, eu gosto muito da história dela. Mamãe eu estou sonhando com você todo dia. Também estou aprendendo a fazer comida e limpar casa, aqui todo mundo me fala que sou igualzinha você, faladeira e trabalhadeira. Vem me buscar. Eu te amo muito mesmo. Beijos te amo.

Assinado: xxxxxxxxx sua filha.


5ª Carta
De: xxxxxxxxx
Para: Mamãe

Querida mamãe xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Beijos te amo.

Assinado: xxxxxxxxx sua filha.


6ª Carta
De: xxxxxxxxx
Para: Mamãe

Querida mamãe xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Beijos te amo.

Assinado: xxxxxxxxx sua filha.


7ª Carta
De: xxxxxxxxx
Para: Mamãe

Querida mamãe xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Beijos te amo.

Assinado: xxxxxxxxx sua filha.


8ª Carta
De: xxxxxxxxx
Para: Mamãe

Querida mamãe xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Beijos te amo.

Assinado: xxxxxxxxx sua filha.


xxª  Carta
(Última)
De: xxxxxxxxx
Para: Mamãe

Querida mamãe eu sei que você não vai receber esta carta, mesmo assim vou escrever.
Meu avô me disse que você está presa num castelo, que uma bruxa má te prendeu nele e que você está esperando um príncipe te soltar.  Me perdoa por duvidar de você naquela outra carta que eu escrevi. Eu te amo muito, não sabia que você estava presa. Aqui onde eu moro não tem bruxa, mas tem saci, tem vampiro e alma penada perto do cemitério e eu morro de medo deles. No meu quintal também tem uma arvore que fala.
Eu sinto saudades de você, queria muito te ver, te conhecer, te dar um abraço do tamanho do rio. Mas eu sei que você está presa num castelo esperando um príncipe te soltar pra depois vir me buscar. Todos os dias eu rezo pra este príncipe ir logo aí.  Beijos te amo.

Assinado: xxxxxxxxx sua filha.



Bem, ela me contou tudo o que escreveu em todas as cartas com riqueza de detalhes.
Mas eu reproduzi apenas algumas com a máxima integra.
É claro que usei a linguagem de um adulto, e não a de uma criança; mas segundo ela suas cartas eram cheias de flores, corações, desenhos e beijos de batom que ela passava escondida.

O tempo passou e sua mãe nunca respondeu nenhuma de suas cartas.
Ela se lembra de ter mandado no mínimo umas vinte e poucas.
Então ela foi se ocupando de outras coisas e foi crescendo, mas ver o carteiro era ver um fio
de esperança. Ela sempre se sentia apreensiva quando ela passava na rua dela.
No fundo no fundo, ela sempre esperou uma resposta, mesmo sabendo que não teria.
Depois ela pensou que sua tia devia ter passado o endereço errado.
Depois ela deixou pra lá.
Cresceu e esqueceu as cartas…

Na adolescência ela finalmente foi morar com sua mãe, conhecê-la.
Bem, as coisas não foram como ela sonhava, mas ainda sim ela estava muito feliz.
Ela morou apenas dois meses com sua mãe, e nesses dois meses ela cuidava da casa e dos irmãos menores. Não demorou muito pra ela perceber que castelos e príncipes não existiam.
E uma mãe idealizada também não.

Quando ela conheceu a mãe contou a ela que tinha mandado muitas cartas, e a mãe disse que nunca recebeu. Ela ficou aliviada! Muito aliviada.
Embora tivesse percebido que o endereço que ela mandava as cartas era mesmo aquele.
Mesmo assim ficou aliviada…

Um dia ela foi arrumar a casa e levantou o colchão da cama para limpar as grades e
encontrou lá dentro de uma sacola da loja c&a todas as cartas que ela havia mandado.
E todas as cartas estavam lá guardadas, amareladas, lacradas, fechadas…
Seu coração disparou!
Ela sentiu uma dor profunda no peito, dor do desprezo, dor da mentira, dor da infância.
Abriu todas as cartas e leu novamente.
Chorou , chorou, chorou.
Levou até o fundo do quintal e ateou fogo…

Acabou de limpar a casa e cuidar dos irmãos.
Esperou a mãe chegar para que os irmãos não ficassem sozinhos e durante a madrugada fugiu de casa. Foi embora e nunca mais voltou a morar com ela. (a mãe)
Naquele dia ela enterrou a esperanças, ou melhor, queimou junto com aquelas cartas.
Eu nem posso imaginar como isso foi pra ela, posso escrever, mas não posso nem imaginar tamanha dor que ela me descrevia naquele momento.

Parece que eu havia mergulhado no mais profundo da vida dela e voltado.
Eu não agüentaria ter passado por aquilo.
Acho que pouca gente agüentaria.
Nessa altura eu já havia tomado mais três doses e ela também.
Eu que deixei de ser fumante há dois anos, senti vontade de devorar aqueles cigarros dela.
Mas não o fiz, afinal a dor não era minha. Não posso sentir a dor de outro alguém.

Eu não pude acalmá-la, nem dizer palavras reconfortantes.
Eu não sei fazer este tipo de coisa, e pouca gente sabe disso.
As pessoas me idealizam pela minha poesia e eu preciso deixar claro que não sei mesmo.
Não sei dizer coisas doces, nem confortar quem chora.
Mas eu sabia desde que a encontrei e me sentei naquele boteco que eu podia escrever os sentimentos dela. Eu sabia que podia, eu sabia que eu precisava. Então o fiz…

Bem, convidei ela pra ir a minha casa e ela foi, sentou-se no meu sofá e dormiu de tanto chorar. Eu não chorei com ela, mas quis. Liguei para Eddy pra avisar que ela estava lá chorando no nosso sofá, que ela estava lá precisando de mim naquele momento. E ela de tão maravilhosa nem hesitou ajudá-la. Por isso ela é essa rocha fria.

Acontece que ela já havia esquecido daquilo tudo e se lembrou por que uma amiga havia lhe mandado uma carta via Correios com um cartão postal da Noruega.
Quando ela viu aquele envelope:

De: xxxxxx
Para: xxxxxxx

Isso foi o bastante para tudo vir à tona, sabe aquele envelope com no nome dela.
Aquele carteiro procurando por ela.
Ela relembrou de tudo e então ela me ligou, me encontrou me contou tudo o que eu escrevi aqui. Ela me pediu para transformar isso num conto, e eu me sentei aqui agora com a certeza que um conto não cabe nesta história.

Eddy já chegou em casa.
Então ficamos olhando ela dormir por um tempo.
Senti a dor dela e só por isso estou sendo capaz de transmiti-la.

Mais uma dose e cá estou eu super bêbada narrando esta trajetória.
A trajetória das cartas lacradas.
Das cartas que foram escritas e não foram lidas.
Das cartas de uma filha para uma mãe.

As cartas dessa minha amiga que está jogada no meu sofá.
Dessa amiga que confiou a mim escrever a dor dela.
Dessa amiga que eu quero abraçar tanto, tanto como se o abraço fosse do tamanho do rio como ela mesma gosta de dizer.

Eu nunca tenho certeza de nada na minha vida por causa da minha inconstância.
Mas quer saber?
Eu tenho um grande certeza neste momento:
Eu nunca mais vou olhar um envelope de carta da mesma maneira.
Eu nunca mais vou olhar pra um carteiro da mesma maneira.
Eu sempre vou me lembrar das cartas dela.
Das cartas que ela escreveu, do jeito que ela me contou.
Eu nunca mais vou esquecer daquelas malditas cartas que feriram o coração dela.
Daquelas cartas lacradas…

FIM…

Observação:
Minha amiga acordou se sentindo bem hoje, leu esta a narração e aprovou.
Pediu que eu publicasse nas minhas redes, o que vou fazer com muita honra.
Então esperamos que alguém leia, afinal é um texto grande.
Ela vai ficar perambulando minhas redes que eu sei.
E só agora me dei conta que não sou eu quem estou escrevendo e sim ela por meio de mim.
Só agora entendi que ela está esperando que alguém leia aquelas malditas cartas que não foram lidas por sua mãe.
Estou feliz e grata por isso.
Hoje me sinto merecedora de existir
só por ter conseguido escrever esta narração para ela.
Minha amiga do outro lado da tela, que está esperando que alguém a leia.

História real de; xxxxxxxxx.
Narrada por; Daniela Dias.