Café com Pão/Arroz com Feijão
Hoje logo pela manhã eu saí atrasada para o trabalho.
Na portaria do condomínio reencontrei uma amiga.
Não nos víamos há muito tempo.
Eu a abracei, ela retribuiu.
Eu a perguntei como estava à vida.
Então ela começou a falar um monte de coisas,
Coisas sem fim, coisas em números, coisas grandes.
Sabe, coisas de gente grande!
Coisas de gente engrandecida…
E tudo isso ela falava num curto espaço.
Eu piscava os olhos ela falava mil palavras:
´´ carro, casa, palestra, projetos, audiência, dinheiro, processo,
me convidaria para um jantar chique…’’
E ela foi falando, falando, falando!
Coisas em números, coisas de gente grande.
Palavras, palavras, palavras…
(Socorro!)
Eu pensava.
De repente olhou para o relógio, disse que custou um baba e que
estava atrasada.
Despediu-se e foi embora.
Ufa! Tudo bem! O falatório havia acabado.
Eu estou feliz por ela ter conseguido conquistar tantas coisas.
Estou triste também, não pelas coisas conquistadas,
mas pela perda de uma amiga que talvez não veja mais.
Aquela que ria, gargalhava, falava palavrões e contava piadas.
Aquela que a gente abraçava e sentia calor humano.
Sabe, aquela que contagiava!
Talvez ela ainda exista lá dentro, bem dentro…
Naquele momento enquanto caminhava para o trabalho eu me lembrava
do filme que assisti com minha Eddy "O
Pequeno Príncipe" (Le Petit Prince) que a propósito provocou muito em mim
o ´´emocionar ´´.
O problema não é crescer, o problema é esquecer…
Resumindo:
Bem, ela foi embora e não me perguntou como eu estava.
Mas tudo bem, por que naquela hora tudo o que eu queria
era café com pão.
- Cafééééé com pããããããooooooo!
E quando alguém me convidar para um jantar, por favor!
Sirva-me:
- Arozzzzzzzz, feijããããããõoooooo!
Conclusão:
Quando me encontrar;
Abraço!
Sorrisão!
Quando me convidar;
Café com pão!
Arroz com feijão.
(Por que são essas coisas que eu amo.)
Registrei pra não esquecer.
Por que mais vale um abraço que um coração cheio de aço…
Daniela Dias.