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Biblioteca de Fanzines

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

(Relato sobre Lágrimas.)

(Relato sobre Lágrimas.)

Lágrimas!

Às vezes eu choro.
Mas não é sempre.
Às vezes!
Bem às vezes mesmo.

Outro dia o peito apertou.
A garganta soltou o nó.
Os olhos trabalharam como deveriam.
(Chorei)

Foram uma duas lágrimas apenas.
Uma em cada olho.
As duas caíram no meu braço, pois eu estava debruçada.
Senti as lágrimas mornas.
Eu nunca tinha reparado que lágrimas são mornas.
(São!)

Fechei à porta do pensamento, a porta do peito, a porta dos olhos.
Lambi as lágrimas do meu braço, remoendo por dentro, senti o sabor do sal.
Era como se eu as quisesse de volta.
De volta pra dentro donde não deveriam ter saído.

Respirei fundo.
Levantei-me donde estava debruçada.
Olhei no espelho.
Passei a mão pela cara, borrei o rosto.
Pensei:
‘’Eram duas lágrimas apenas. Duas lágrimas sobre os meus sentimentos. ’’
Então meio que sorri.
Era um sorriso amarelo.
Menos valioso que as duas lágrimas…

Lágrimas!
Lágrimas.
Que palavra bonita de significado tão abrangente!
Lágrimas que expeli.
Lágrimas que engoli.
Lágrimas que eu senti.

No fim das contas eram apenas lágrimas.
Minhas lágrimas!
Eram minhas lágrimas.
Lágrimas de mim.
Lágrimas sobre mim.
Duas lágrimas apenas foram o bastante para este poema ser rascunhado.
Minhas duas lágrimas quentes com gosto salgado.
E eu ainda estou me perguntando por que foram apenas duas…

Daniela Dias.