- Eu?
- Eu!
- Eu...
Quanto posso questionar?
Até quando?
Quanto posso me orgulhar?
Até quando?
Quando posso afirmar?
Até quando?
Cadavérica
- Eu?
- Eu!
- Eu...
Hoje o dia está cinza!
E minha vida de marasmo está nublada.
E eu!
Ah!
Eu que me auto-questiono, eu que me auto-orgulho, eu que me auto-afirmo.
Ah! Eu preciso declarar!
Tenho adoecido por dentro!
Tenho clamado ao vento!
Tenho chorado secretamente!
Tenho morrido!
Tenho sentido minha pele opaca!
Tenho notado meu olhar apagado!
Tenho sentido meu peito dilacerado!
Tenho esperado...
Cadavérica
- Eu?
- Eu!
- Eu...
Olha!
Se você ainda não conseguiu notar, nada tem sido o que parece.
Eu preciso...
Ah!
Eu preciso declarar que;
Tenho feito promessas!
Tenho orado secretamente!
Tenho vagado perdida!
Tenho desistido da vida!
Tenho amado!
Tenho odiado!
Tenho magoado!
Tenho sido a mim mesma de todas as formas!
tenho sido a mim...
Cadavérica
- Eu?
- Eu!
- Eu...
Sabe!
O mundo não me vê, mas eu que me canso mas não desisto, sei!
Eu sei!
Eu sei quem sou.
Hoje o dia está cinza!
E minha vida de marasmo está nublada.
E eu!
Ah!
Eu que me auto-questiono, eu que me auto-orgulho, eu que me auto-afirmo.
Ah! Eu preciso declarar!
Tendo sido a mim mesma!
Tenho sentido o fardo do ser!
Os poemas me acalmam, mas também me assombram.
Tudo está tão confuso!
Tenho perdido a mim mesma, quando de encontro ao nada tenho tentado me achar!
Tenho lido e relido livros!
Tenho lido e relidos poemas velhos!
Tenho resgatado memórias!
Tenho sofrido por dores remotas!
Tenho procurado a paz, ainda que não tenha a encontrado...
Cadavérica
- Eu?
- Eu!
- Eu...
Tenho sido a mim mesma!
E tendo sido a mim mesma, tenho sentido a fardo de ser quem sou, de viver como vivo e estar como estou...
Tenho estado desta maneira ou doutra maneira qualquer.
Quero descrever neste maldito poema quem sou, para aliviar minha alma
e meu corpo pesado.
Uma imagem?
Eu sou uma mulher cadavérica a beira mar escrevendo poemas de despedida.
Eu sou uma mulher cadavérica a beira mar escrevendo poemas para alívio de fardos.
Cadavérica
- Eu?
- Eu!
- Eu...
Eu não sou ninguém, eu não sou nada, nada a não ser uma mulher cadavérica a beira mar escrevendo poemas de despedida, com um lenço nas mãos eu secando as lágrimas que não consigo conter.
Por que ainda que este poema seja triste, eu tenho sido alguém que não desiste de mim mesma...
Por: Daniela Dias.