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Biblioteca de Fanzines

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Amargura, Café e Madrugada

Amargura, Café e Madrugada

Eu,
Neste momento de imensa escuridão
 na alma, me sento aqui nesta cadeira fria.
É madrugada!
Lá fora chove e aqui dentro eu ouço.
Depois de ver a xícara de louça com café entornando sobre a toalha branca da mesa, nada faço...

Não me movo,
não me assusto,
não me  importo com a mancha!
Apenas olho.
É madrugada...

O café entornou,
o cigarro cinza virou,
o cinzeiro já está farto.
E eu não esboço sentimento
algum, não é que eu não os tenha,
apenas não quero os demonstrar.

Estou calada!
Acendendo cigarros,
entornando xícaras de café.
Engolindo lágrimas,
É madrugada...

A madrugada me deixa serena,
Por que ela é mais silenciosa
e quase sempre fria.
Quando eu me sento para escrever
na madrugada antes de minhas mãos pegarem uma caneta e meu cérebro comandar o que vou escrever, eu ouço o meu coração bater.
E eu sinto minhas veias pulsarem,
Estou viva!
E é madrugada...

E esta conversa toda,
feita em estrofes enfeitadas
não é para falar da madrugada fria,
nem da chuva que está caindo lá fora,
não é pra falar da minha xícara de louça,
Tão pouco do meu café amargo que entornou na toalha branca que acaba de por ficar manchada.
Sabe para que?
É pra falar da minha dor escondida,
dentro do peito, me matando com sua vaidade.
É pra falar que meus olhos estão marejados.
É pra falar de mim...

E não é que eu não me importe com as
madrugadas, com chuvas, com xícaras e cafés quentes. Eu me importo!
Mas é pra falar da insatisfação do meu momento que eu escrevo agora.
É pra dizer que na maioria das vezes
eu sou feliz tendo apenas uma flor,
e que neste momento nem se eu tivesse
um pote de ouro...

A cadeira esquentou,
já esvaziei a dor nas linhas,
O café continua entornado sobre a toalha,
e eu não vou parar para limpá-lo.
Por que haverá outra madrugada,
outra toalha, outra xícara e outro café.

Vou me deitar pensando nisto.
Quem sabe eu acorde sendo uma
nova pessoa também?
Assim que eu me deitar vai chover
no meu travesseiro, e quando eu acordar pode ser que as nuvens carregadas já tenham ido passear permitindo o sol em meu quarto entrar...

Por: Daniela Dias.