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Biblioteca de Fanzines

quinta-feira, 14 de abril de 2016

A mesma...

A mesma

...Andei observando
o amor, os pássaros,
as pessoas e o meu coração.
Então percebi que os pássaros migram com a estação,
percebi que as folhas caem no inverno.
E, que a cada estação os animais e  a
natureza se renovam e, eu não!
Eu permaneço a mesma.
...Andei observando!
As folhas nascem, as flores morrem,
folhas morrem e flores novas nascem.
Além disso,
os pássaros que migram para sobreviver,
sempre vão e voltam.
E, eu não!
Eu prossigo a mesma,
 nada mudou, sou a mesma...
... Sou a mesma, tenho as mesmas dores.
Amarga!
Ainda sou mesma pessoa amarga,
Ainda uso as mesmas cores.
Tudo muda com as estações,
menos eu.  Eu não!
Eu permaneço a mesma.
...Andei observando!
Às vezes as nuvens se entristecem e se colocam a chorar,
Às vezes estão alegres e também vão passear.
 e com toda simplicidade permitem o  sol a brilhar!
Com toda simplicidade,
com toda cumplicidade.
 O universo muda.
Tudo muda, menos eu!
Eu permaneço a mesma.

...Eu continuo a mesma,
escrevendo e descrevendo as mesmas coisas.
Eu não mudo, eu não sei se sou assim,
apenas sei que estou. Nada dentro de mim se move.



...Andei observando!
Estou congelada no tempo.
Foi por um descuido,
 foi por um descaso!
Foi por um amor ferido,
 foi por um amor perdido,
foi por um amor partido.
por um sentimento falido.
Parei no tempo.
No tempo que não para.
...Um urso hiberna.
Enquanto isso, entra em erupção um vulcão,
tudo muda, tudo se move, menos eu e  o meu coração.
O rio transborda,
O arco-íres vai e volta,
 Mas, eu não mudo.
Continuo a mesma,
 Com os mesmos sonhos,
 Com os mesmos planos,
Ouvindo as mesmas músicas,
Ainda o uso o mesmo perfume,
 Fumo a mesma marca de cigarro.
Nada mudou...
-Ainda uso o mesmo tom
de batom vermelho.
As crianças cresceram,
 os adultos envelheceram,
e os envelhecidos morreram,
E, eu?
Eu permaneço a mesma...
...Eu continuo a mesma,
não sinto nada diferente dos últimos dias,
nem dos últimos anos,
apenas o meu sangue pulsando gelado.
...Andei observando!
As pessoas que eu conheço,
mudaram com as estações,
assim como as borboletas passaram
pela metamorfose.
 Mas, eu sequer formei um casulo.
Nada mudou...


Sinto que parei no tempo!
Ainda tenho as mesmas mágoas,
as mesmas lembranças,
as mesmas fotografias.
Estou adormecida por dentro...
No fundo, bem lá no fundo,
não mudei por que eu não quis.
Por que espero que você volte
para minha vida com seu amor e
me encontre-me do mesmo jeito...
Não!
Não mudei nada, não o fiz, não o quis!
Grudei meus pés numa terra vermelha,
tirei o enfeite dos meus cabelos, desde a última vez...
Melodias, livros,
Fotos, músicas, lugares,
tudo isso serviria para eu sentir o sangue
pulsando em minhas veias, mas, acredite!
Eu não saí do lugar de onde fui deixada.
Portanto,
 Hoje não sinto nada...

Ainda não mudei,
Mas, pode ser que isso também mude.
Estou aqui!
Nada mudei.

Espero que na próxima estação
Eu consiga esboçar uma lágrima ao menos,
Quem sabe ela lave meu coração
E, eu também mude com a estação?


Por: Daniela Dias.