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Biblioteca de Fanzines

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Entre a razão, a loucura e sabedoria...

(Antes de você ler entenda que o texto escrito aqui não é um poema, não é uma poesia, nem conto, crônica ou crítica. Este texto é uma reflexão, um relato que descrevi a partir de um momento vivido. Leia com calma!)

Esclarecimentos formais:

Significado da palavra ‘Razão’

s.f. 1 - Faculdade de raciocinar, de compreender, 
de estabelecer relações lógicas; raciocínio; 
2 - Faculdade de julgar ou avaliar; juízo; 
3 - Justiça; retidão; equidade;
4 - Bom senso; juízo sensato; 
5 - Causa; motivo; argumento; justificação; 
6 - Participação, notícia; 
7 - [Filosofia] faculdade de raciocinar discursivamente,
de combinar conceitos e proposições; 
8 - Dar razão para alguém, concordar com alguém;
reconhecer como correta ou verdadeira a opinião de alguém; 
9 - Travar-se de razões, entrar em conflito; 
Sinônimos: Faculdade de raciocinar, juízo, raciocínio,
justiça, equidade, bom, senso, juízo, sensato, causa, 
motivo, argumento, justificação ação, circunstância, 
demanda, embrião, exórdio, fato, fermento, fonte, matéria, 
móbil, móvel, origem, por que, pretexto, princípio, raiz, razão, 
semente...
(Fonte) 
http://www.dicionarioinformal.com.br/razão/


Significado da palavra ‘Loucura’
smf; Alegria extravagante, insana, desatino, desvario;
Ato ou fala que apresente um comportamento que denote falta de juízo 
ou senso, de discernimento.
Sensação ou sentimento que foge do controle da razão, atitude imprudente, insensata; Distúrbio: Alteração mental caracterizada pelo afastamento mais ou menos prolongado do individuo e seus métodos habituais de pensar, agir e senir.

Sinônimos de Loucura: Alienação, cessão, demência, idiotia, 
loucura, mania, venda, delírio, alucinação, desvairamento, 
desvario, entusiasmo, tresvariar. Tresvario, vareio, desatino, insânia.
Insensatez, paranóia, cegueira, exaltação, desacerto, doidaria, doidice.

Disparate, estouvamento, imprudência, leviandade, paixão, enlouquecimento, cinismo, desfaçatez, despropósito, indiscrição, insipiência, irreflexão, maluqueira, precipitação temeridade, idiotismo, aluamento.

Desorientação, parvulez, ignorância, irreflexão, descuido, inadvertência, arrojo, heroísmo, imprudência, doideira, louquice, doidaria, absurdo, maluquice, insânia, propensão.

Louco, ímprobo, demais, o máximo demente, insensato, desligado do mundo, anormal, difícil, custoso, doido, trabalhoso, maluco, alienado, desatinado, maluco, doente, demente, inconseqüente, desequilibrado mental, loucura, árduo, abrolhoso, áspero.

Assoberbante, duro, espinhoso, ímprobo, ingrato, íngreme, insano, laborioso, molesto, pesado, dispendioso, oneroso, penoso, salgado, vasqueiro, aloucado, apatetado, dementado, idiota, paranóico, vesano, desvairado, airado, alucinado, delirante.

Desnorteado, discorde, exaltado, furioso, tresloucado, exaustivo, excessivo, alto, demasiado, desmedido, desmesurado, elevado, enorme, exagerado, exorbitante, imoderado, nímio, profundo, prolixo, redundante, superabundante, desajuizado.
Estulto, ignaro, incauto, incoerente, insipiente, sandio, alheado, desassisado, doido, alienado, mentecapto, alheio, alienista.
Fonte: 
http://www.dicionarioinformal.com.br/sinonimos/loucura/


Significado da palavra ‘Sabedoria’

Significado de Sabedoria S.f: Particularidade, estado ou condição da pessoa que é sábia. Excesso de conhecimento; 
Quantidade excessiva de conhecimento(s) que se acumula(m); ciência.
Conhecimento adquirido a partir da experiência sobre (algo ou alguém)
Em que há ou demonstra sensatez; com reflexão
Habilidade excessiva; artimanha ou esperteza.
Religião. Capacidade de compreender as revelações divinas.
Sinônimos de Sabedoria: artimanha, astúcia, conhecimento, 
erudição, esperteza, saber e sapiência.

Fonte: 
http://www.dicio.com.br/sabedoria/



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                                       Entre a Razão, a Loucura e a Sabedoria.

Dezembro de 2014.
Hoje o dia assim como todos os outros que já vivemos terminará com exatamente 24 horas.
E o tempo não irá parar, os ponteiros irão zerar e começar tudo de novo até que se completem mais 24 horas. Até que Dezembro acabe comece Janeiro, Fevereiro e Março...
É o tempo!
O tempo que não podemos conter.
Exatamente o mesmo tempo que vou utilizar para definir esta reflexão entre a razão, a loucura e a sabedoria. 
Ainda que nossos ponteiros parem, por que em algum momento eles irão parar, todos os outros ponteiros do mundo continuarão girando.
E eu quero deixar a reflexão deste texto para os ponteiros girantes do mundo...

São 07h00min da manhã, acordei com muito bruxismo, bruxismo é algo que algumas pessoas tem, uma anormalidade cerebral que faz com que os portares ao dormir fiquem rangendo os dentes e apertando os maxilares involuntariamente. Bem, isso faz com que as pessoas com bruxismo acordem com o rosto e a boca muito dolorida, gera um grande desconforto e somados a personalidade da pessoa causa um possível mau humor, que é o meu caso.

Fiz toda minha rotina diária, tipo tomar banho, escovar os dentes, tomar café da manhã...
Fui ao trabalho, trabalhei até as 12h00min e pedi para me ausentar no horário da tarde afim de, ir ao banco onde tenho conta. Acontece que eu moro em Vila Velha e o banco onde tenho conta fica em Vitória, não é longe. Apenas a 3ª Ponte separa a cidade que estou de onde está o tal banco. Enfim...

Na ida muito trânsito, houve um acidente e tudo o que eu ouvia eram pessoas reclamando da demora, pessoas dizendo coisas que prefiro nem descrever.
Coisas insanas! 
(chers$#%¨&**()¨#@@$FHGDVG$%$$%$EDR$@@$%&*((!@$¨GHR_)
Insanidades totais!
Pelo menos para mim...

Fui ao banco, este banco fica dentro dum Shopping, e depois de pelo menos duas horas dentro da agencia consegui resolver o que eu precisava. Depois saí de lá desesperada de fome.
Enquanto procurar algo para comer na praça de alimentação, encontrei uma grande amiga de nome Danny.
Trocamos poucas palavras, pois além do meu mau humor por conta do bruxismo, eu também estava com vertigem de tanta fome!
Depois de comer, me encontrei novamente com minha amiga, falamos rapidamente, rimos e nos abraçamos.
A vida tem estado corrida pra nós. Mas, vê-la ainda que por pouco tempo valeu-me muito.

Volta pra casa:

Entrei num ônibus do tipo minhocão. Enquanto eu tentava separar o dinheiro da passagem, um homem falava no telefone aos berros. Pensei que ele estava chateado com alguém. 
Atravessei a roleta e fiquei logo depois dela. Ainda que de pé, abri o novo livro que estou lendo; (Como aprender a lidar com pessoas difíceis) li algumas páginas e o trânsito parou novamente, a ponte tinha carros parados a perder de vista. 
E o homem continuava gritando ao telefone.
Fechei meu livro por que já estava ficando impossível ler com os gritos dele. Então eu guardei meu livro na bolsa, ergui a cabeça e o observei.

Ele estava bem vestido, limpo, unhas cortadas, barba e cabelos feitos, uma mochila nas costas, um sapato até elegante. Notei que ele estava muito agitado. E que as pessoas riam, sorriam e debochavam do tal homem. Diziam frases que me omito a descrever.
Coisas insanas! 
(chers$#%¨&**()¨#@@$FHGDVG$%$$%$EDR$@@$%&*((!@$¨GHR_)
Insanidades totais!
Pelo menos para mim...
É duro descrever a maldade das pessoas.
A crueldade das frases que elas produzem por se considerarem superiores a algo ou alguém.
Não hesitarei em descrever as frases que o tal homem dizia ao telefone. Ele dizia: 



(Diálogo do Homem ao telefone.)

- Deixe-me em paz!
- Eu já disse pra você não me ligar mais.
- Para!
- Para você não vai mais me ligar, por que eu não quero que me ligue.
- Você não vai me tirar do sério.
- Eu sei, cala a boca!
- Já disse para calar a boca!
- Já disse para não me ligar!
- Não me liga!
- Já disse!
- Não!
- Não me tire do sério!
- Eu sei!
- A culpa é sua!
- Eu sei que você votou no PT.
- Eu disse que não falo com quem vota no PT nem no Paulo Artung.
- Eu não falo com quem aspira política, eu não falo com quem votou no Renato Casa Grande.
- Esse motorista vai me levar para longe de você.
- E você não vai me ligar.
- Não me ligue por que eu não quero mais falar com você.


Bem, essas são algumas das frases que o tal homem falava ao telefone. 
E essas frases eram repetitivas e misturadas, não exatamente nesta ordem que as escrevi.
Escrevi à medida que fui me lembrando.
E ele finalmente desligou o telefone.
Quando ele desligou, percebi que o celular era na verdade brinquedo. 
Mas a essa altura eu que já tinha acreditado durante o diálogo que ele estava realmente falando com alguém, cheguei a pensar que fosse uma piadinha de mau gosto.
Mas instantes depois me dei conta que ele era louco.
Ficou ainda mais nítido que aquele homem tinha algum problema mental, ele estava fantasiando estar falando com alguém. Mas, ele falava como se estivesse mesmo.
Era um louco convincente...

Se não fosse o fato deu ter visto que o celular era de brinquedo acreditaria que ele estava mesmo se comunicando com alguém. E ele guardou o telefone no bolso da camisa.
Enquanto isto acontecia o ônibus estava parado a pelo menos uns 40 minutos no mesmo lugar. E as pessoas riam, sorriam e zombavam do tal homem.
E eu que adoro escrever acontecimentos que ocorrem dentro dos ônibus, abri logo a minha bolsa para rascunhar aquele momento.


(Segundo diálogo do Homem ao telefone.)

Como se o telefone tivesse tocado, ele atendeu novamente e dizia:

- Já disse para não me ligar mais.
- Eu vou quebrar este telefone!
- Eu vou parar de ter email, vou parar de tentar ir à assembléia legislativa.
- Eu vou!
- Cala a boca! 
- Você não manda em mim!
- Já disse, cala essa boca e não me liga!
- Eu não vou me converter ao Cristianismo.
- Não!
- Eu não falo com gente arrogante!
- Inferno, deixe-me em paz!
- Você não vai me levar pra lugar nenhum, já acabou a inquisição.
- Eu não vou. 
- Já disse que não vou.
- Não me liga por que eu não gosto de católicos.
- Mentira!
- Eu sei você é católico.
- Você não vai me achar por que este motorista vai me levar onde eu quero ir.
- Não!
- Cale essa boca, e não me ligue mais.
- Você não vai me mandar cartas nenhuma por que eu não quero receber cartas.
- Já disse que os correios foram corrompidos, tudo está corrompido, as igrejas, a presidência, o governo, os correios, as pessoas.
- As pessoas...
E depois de uma repetição envolvendo o primeiro e o segundo diálogo dele, enfim desligou novamente.

Veja bem!
Eu poderia descrever todas, mas todas as frases que ouvi daquelas pessoas e daquele homem.  Porém preferi descrever apenas as dele.
E eu acredito que já escrevi o suficiente para concluir onde quero chegar nesta reflexão.

Qual a razão disso tudo?
Qual a loucura nisso tudo?
Qual a sabedoria nisso tudo?

Estou tristemente descrevendo o tempo desde meu amanhecer, estou descrevendo tristemente o cenário de um ônibus lotado de pessoas. 
E estou descrevendo tristemente o cenário de um homem que eu nunca vi.
Um homem louco em minha opinião...

Por quê? 
Para que?
Eu iria ao banco na quinta-feira e eu decidi ir hoje, hoje por quê? 
Na ida quando fiquei presa no trânsito eu pensei ligeiramente:
- Por que não deixei para quinta-feira!
E agora na volta eu entendi.
Tudo tem uma razão.
Eu precisava estar no ônibus de quarta-feira, eu precisava aprender alguma coisa no cenário de quarta.
E eu aprendi de coração.
Aprendi...

Ficou bastante claro para mim que aquele homem tinha algum mal cerebral, 
só um psiquiatra saberia dar uma resposta concreta. 
Para mim ficou claro que ele tinha algum tipo de distúrbio, e a julgar pelas suas vestes e aparência ele tinha uma família.
Pode ser que ela tenha conseguido fugir de casa ou de algum lugar, por que ele carregava uma mochila bem grande. 
Mas o que eu quero dizer é que aquele homem era o louco mais cheio de sabedoria que eu já vi. 
Ele falava coisas desde a política até a religião, desde crianças de ruas até a burguesia. 
Ele falou tantas coisas, que eu duvido que a maioria das pessoas que riam dele tinha o conhecimento do que ele estava falando.
Duvido que alguém entendesse de constituição, corrompidos ou inquisição com a verdade que ele falava naquele telefone.
Era um louco falando para gente surda ouvir...


(Diálogo com Mulher.)

Uma mulher ria tanto que me incomodei. Sim, me incomodei muito com ela do que com o falatório dele ao telefone. Que fique claro que ela devia ter uns 28 a 30 anos, minha idade praticamente, mas fiz questão de chamá-la de senhora. 
Então com um tom um pouco arrogante perguntei a ela: 

Eu:
- A senhora entende o que ele está dizendo?


Ela:
- Como assim?

Eu:
- As coisas que ele está falando?
Malleus Maleficarum? A senhora sabe o que é?

Ela:
- Não!

Eu:
- Por que então a senhora ri tanto? Percebeu que ele é doente? 

Ela:
- Não sei. Por que é engraçado um doido!

Eu retruquei como se quisesse enforcá-la pelo que dizia:
- Mas, o que ele está falando não é loucura é história.

Pesquise, se não me engano você encontrará nos livros de história do ensino médio. Entende?
E ela se calou, por não ter o que falar. Aposto que ela vai pesquisar.

 (Malleus Maleficarum) Foi o livro usado pelos inquisidores da igreja católica para acusar as mulheres de bruxaria e matá-las. Imagine!

Que doido tão sábio é esse?
Os espertalhões que riam dele nem sabem o que significa isso. 
Assim como não sabem o que é ser sábio ou gentil.
Entre a loucura daquele homem e a razão de todos naquele ônibus eu escolho a loucura dele. 

Eu já estava com minhas pernas cansadas, já eram 18h00min e eu ainda estava naquele ônibus ouvindo aquele homem falar ao telefone. Enquanto isso eu pensava em escrever este texto quando chegasse em casa.  Já estava cansada de toda aquela repetição, de todos aqueles risos, de todas as pessoas, do cheiro de suro, do calor...

De qualquer modo eu só pensava em como escolher as palavras para escrever este texto, eu precisava dizer para as pessoas que me lêem que existem pessoas irracionais que se consideram racionais.
Que existem pessoas racionais com razão o suficiente para si mesmas.
Que existem pessoas com razão apenas para os outros.

Que existem pessoas com razão o bastante até mesmo para ficarem doidas.
Que existem pessoas com sabedoria o bastante ficando loucas.

Que existem doidos apenas.

Que existem doidos sábios.

Que existem sábios com razões de doidos.

Que existem sábios apenas.

Enfim...
Existem tantos doidos tão cheios de razão!

Todo tipo de ser humano por aí, com seus ponteiros girando.
Girando até se completarem 24 horas e os ponteiros zerarem para  recomeçar a contagem ou simplesmente pararem. 
E eu que me escrevi um rascunho naquele ônibus.  E eu que me sentei no meu computador para escrever este texto, não me sinto mais lúcida que aquele homem.

Não me sinto mais sábia ou tão louca quanto ele.
Mas sei que dentro de mim existe um pouco de cada uma dessas faces.

E acredito que bem caladas dentro de você existe também...

Eu respeito mais aquele homem do que o resto de todos os passageiros daquele homem.
Por que ele sim foi inteligente de ter se desconectado desta realidade.
Vai ver o inconsciente dele preferiu abandonar a realidade onde as pessoas reais são más, invejosas, cureis e ridículas o bastante para zombar de quem está fora dela.

 ´´ Da tal realidade. ´´

Talvez meus julgamentos estejam péssimos por que meu dia hoje não foi dos melhores. Mas, com certeza eu aprendi algumas lições no ônibus, com este louco e com estas pessoas.

- Fim de noite!

Estou em casa tomando um chá de cidreira, todos sabem que abandonei os cigarros e as bebidas alcoólicas, então um chá numa caneca bonita de coração é o que me resta agora. E eu estou escrevendo esta reflexão:

Onde um doido é sábio.
Onde um sabido é doido.
Onde um racional não sabe nada.

E nem doido é.
Onde pessoas são cruéis para com o próximo, até que o próximo 
seja da família ou um ente deles.
Hoje eu descobri que não tenho razão e que ainda não sei nada. 
Por que assim como todos os outros passageiros, eu também desconhecia muitas coisas que aquele louco dizia, só agora sei por que pesquisei.

E tudo tem fundamento.



E hoje, única e exclusivamente hoje estamos aqui, eu e você.
Eu escrevendo e você aí do outro lado lendo. 
E eu te pergunto:
- Até quando?
Os ponteiros estão girando...
Para completar ou parar!
Girando...
Viva de um modo especial, buscando um equilíbrio entre a razão, 
a loucura e a sabedoria.
Por que os ponteiros estão:
- Girando...

Por: Daniela Dias.