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Biblioteca de Fanzines

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Eduardo;

(Escrito a partir de um encontro inesperado com um menino morador de rua.)

Eduardo;

Os melhores encontros da vida serão sempre os inesperados,
Serão sempre os não calculados, tipo o meu com o menino Eduardo.
Um dia desses, sem querer, conheci Eduardo.
Menino pardo, menino magro, cabelo embaraçado, sem corte,
meio queimado, olhos castanhos, dentes amarelados.

Gentil e educado!
Era assim o menino abandonado.
Eduardo foi chegando meio faceiro, olhando de longe, veio sorrateiro.
Sabe pássaro quando pula os galhos aos poucos,
buscando segurança para voar sozinho? 
Assim, era aquele menino franzino...

Foi chegando e se abrigando, aos poucos foi sorrindo e um ninho foi construindo.
Ninho de confiança, ninho de esperança...
Um dia desses, sem querer conheci o Eduardo!

Da imensidão, o inesperado, eu, a vida e o Eduardo.
Da face suja, com leve expressão de tristeza por não ter afeto,
havia um pequeno, grande, menino, arquiteto.
Arquiteto da vida vivida...

Ele não falava muito, também não sabia ler,
mas o brilho nos olhos dele, o fazia merecer,
minha atenção, minha admiração!
Eduardo me fez enxergar além canção...

Ainda que falando pouco, o pouco que falava,
era a interpretação das histórias da imaginação,
de um menino, apenas um menino...
Onde o encontrei havia arte, e para aquela arte ele olhava!
Como quem não entendia, mas com olhar de quem pretendia...

Da mãe falou com destreza, ainda que no canto dos olhos se notasse alguma tristeza.
Já do pai, falava com uma chama acesa!
Solicito, me ajudou uma exposição de poesias desmontar,
Sem pedir nada em troca, sem ao menos questionar.
Tudo o que ele queria ela alguém pra conversar...


Um dia, sem querer, conheci o Eduardo.
Pequeno grande crítico, cheio de boas observações,
Eduardo me despertou emoções.
Mas, em todo encontro, chega a hora partida,
Eduardo me acenou em despedida!
Com um sorriso estampando o rosto, daquele menino que me deu gosto.
E lá se foi Eduardo.
Eu com coração apertado!

Quem sabe um dia!
A vida abra novamente a cortina
Do inesperado, e eu encontre novamente
O Eduardo, razão deste texto engomado?

Por: Daniela Dias.