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Biblioteca de Fanzines

sexta-feira, 22 de abril de 2016

De vez em quando…

De vez em quando…

Confesso!
De vez em quando eu estendo uma toalha branca sobre a mesa.
De vez em quando eu coloco uma taça bem bonita sobre ela,
um arranjo de flores, um talher, um prato, o meu livro predileto,
um papel em branco, um lápis e uma garrafa de vinho frisante.
Mas, isso é só de vez em quando…

Confesso!
De vez em quando eu tomo um banho bem quente e embaço os espelhos.
Coloco e um perfume adocicado nos pulsos, prendo os cabelos ainda molhados
e visto uma camisola solta no corpo, dessas camisolas já velhas.
Mas, isso é só de vez em quando…

Confesso!
De vez em quando eu ligo aquela música que gosto muito, depois aperto o replay,
sem me importar em quantas vezes ela vá repetir.
Coloco num volume baixo para apreciar as letras e os toques do violão na música
enquanto eu sento e me sirvo de vinho apenas.
De vez em quando eu crio este cenário, tomo vinho, leio uma ou duas páginas do livro que conheço decorado de cima a baixo, mas me comporto como se eu não o conhecesse, para aproveitar melhor as letras da mestria.
Então eu bebo uma, duas ou três taças de vinho a mais.
Mas, não é sempre! É só de vez em quando...

Confesso!
Continuo ouvindo a mesma música incansavelmente.
Tomo mais uma, mais duas taças de vinho.
Pego o lápis, o papel em branco e escrevo meu pranto!
Mas, só de vez em quando.
- Quando não entendo o motivo por que tudo existe.
Borro o papel, acendo um cigarro, trago e me agarro à tristeza sobre a mesa.
Entorno a última taça me lembro do último sorriso, do último abraço, do último guiso.
Mas só faço isso de vez em quando.
·... Na verdade quando estou muito, muito, muito triste!

Confesso!
Levanto titubeando, sem nenhuma ingenuidade vou chorando, me dói por dentro,
não tem mais vinho, não tem mais livro, não tem toalha limpa, não tem mais perfume,
não tenho respostas para nada, tem apenas eu o cigarro e a solidão.
De vez em quando eu me sinto fragilizada, fraca, hostil, vazia, culpada, solitária.
Mas só de vez em quando. Então eu me afundo neste cenário imaginário.
De vez em quando…
... Quando por acaso me visita e me abraça a nostalgia!

Por: Daniela Dias.