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Biblioteca de Fanzines

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Diante do Mar...

Diante do Mar

...Estou.
Diante do mar observando as ondas
e uma parte de mim.
Uma parte que, de alguma forma
fui deixando vento levar.
Meus cabelos, já não são daqui, dali ou de lá, são do tempo...

...Estou.
De pé, diante do mar,
e nessa imensidão de águas,
vejo apenas o vazio da minha alma.
Nada me acalma quem sabe meu cigarro?

...Estou.
Diante do mar esperando meu sangue secar,
Estou ferida bem aqui, no lado esquerdo
do meu peito.
E, enquanto a ferida não estanca,
acendo mais um cigarro,
Suspiro fundo! Hum...

...Estou.
Diante do mar,
Observando!
E, estou sentindo meus sapatos apertando
meus pés, mas, em vez de tirá-los,
eu me deito na areia.
Sonho com uma xícara de café,
enquanto penso que talvez o café me faça bem.
Mas, não tenho café, então acendo mais um cigarro...

...Estou.
Deitada diante do mar olhando para as nuvens
e pensando, que já morri inúmeras vezes por dentro.
Sabe aquela morte sem volta? Aquela...
E, a ferida que já estava se fechando,
abre com mais força.

...Estou,
Aqui, diante de imenso mar, e,
Dói-me o jeito com que o vento me leva,
Sinto que, estou me desprendendo deste pedaço de carne, 
Mas não esmoreço,
Não...


Estou aqui,
Gritando por dentro! Subindo o tom da canção.
Acabo de me dar conta, que não sou do tipo que luta para soltar amarras.
A dor e o nojo no meu estômago, criam um
cemitério dentro de mim, e ele  é grande.
Sem alternativas para mudar isto, apenas,
escrevo, infinitamente escrevo. E fumo...

...Estou aqui,
Diante deste maldito mar,
minha ferida não está cicatrizando,
o mar não está me ajudando.
Então!
Fumo mais e mais cigarros sem culpas
e sem medos e sem arrependimentos.
Desisto do mar.
Tranco-me numa obscuridade absoluta
de um sentimento obsoleto,que ainda não chegou ao fim...

Então,
Grito por dentro, enquanto me odeio.
Ah!!!
Imagine um grito bem alto, bem forte,
bem dolorido.
Quero perdoar você e me perdoar.
Não consigo,
Então, arruíno-me mais uma vez,
mais uma vez morrerei, para não matar ninguém...

...Estou,
Diante do mar com meus cabelos embaraçados.
Minha visão turva e minha garganta arranhada.
Deixei-me levar pelo vento,
quero mais um cigarro. Um café, um abraço...

Quem sou eu?

Eu sou aquela mulher poética diante do mar,
de vestido branco, com os cabelos soltos,
com um cigarro pelo fim nos dedos.
Sou aquela que deixou se levar pelo vento,
morrendo por fora e por dentro,
Por não ter aprendido a perdoar...

Por: Daniela Dias.