(Escrito para minha querida amiga Thauany)
Amor inocente!
Quando eu ainda era menina o mundo não era um lugar gigante.
E a inocência era meu maior tesouro.
Eu amava os raios do sol e o cheiro da chuva.
Eu amava ver as pequenas moitas de capim crescendo.
Eu esperava ansiosa pelo tal capim verdinho…
Eu esperava as moitas ficarem bem grandinhas só pra sentir o prazer de me deitar nelas.
Eu mergulhava naquele capim, rolava pra lá e pra cá sem medo de acontecimentos.
Sem preocupações com insetos ou bichos, sem arrependimento por ficar com o corpo
todo coçando.
Era um mergulho inocente!
Uma das melhoras sensações que eu sentia.
O cheiro das folhas amassadas ainda está impregnado nas paredes da minha memória.
Ah, o capim!
O capim fez parte da minha história…
A sensação de felicidade de me abraçar naquelas moitas verdinhas
era mesmo indescritível!
Deitar e rolar naquelas folhas verdinhas era o que me emocionava.
Era um mergulho inocente!
Ainda me lembro de minhas gargalhadas somadas as da minha irmã.
Acho que me lembro de vento por entre as folhas.
Era um mergulho inocente…
Minha ligação com aquele capim era tão grande,
que de tão grande eu até o comia.
Eu amava o capim!
Não a ponto de comê-lo, mas o amava.
Era um amor inocente!
Comia-o por pura crendice, folclore, inocência, superstição.
Comia por acreditar que me traria sorte e que me livraria do tal chicote.
Era inocente!
Era lindo!
Era doce ter aquele coração.
Ai que saudade daquele tempo em que o mundo não era imensidão.
Ai que saudade de mim menina rolando no capim do Maranhão…
(Daniela Dias)