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Biblioteca de Fanzines

terça-feira, 7 de março de 2017

29 de Setembro

Vinte e Nove de Setembro

Eram seis horas da manhã quando acordei.
O clima estava agradável! Fresco!
E neste dia, ah neste dia eu acordei diferente.
Eu tomei um banho gelado e vesti um jeans apertado,
coloquei minha camiseta cortada da banda ‘’Velho Scotch’’,
calcei meu tênis velho, tapei meus olhos com meu ray-ban favorito,
prendi meus cabelos com elástico, inseri fones nos ouvidos e sai para caminhar...

Naquele dia, naquele momento:
A tristeza era quase aparente. E a saudade era silenciosa.
Apenas se ouvia dentro de mim.
Os óculos escuros escondiam meus olhos, enquanto eu caminhava.
Eu queria poder mostrar meus olhos ao mundo, mas não podia.
A dor era grande!
Então eu caminhei o tempo todo escondendo meus olhos por trás de óculos escuros!
Escondendo meu...

Ah!
Naquele dia eu acordei diferente!
Acordei com dores na alma, querendo caminhar por horas a fio.
Caminhar para qualquer lugar com meu tênis velho.
Querendo sentir alguma nova emoção enquanto ouvia Vanessa da Mata.
Querendo parar de esconder meus olhos...

Naquele dia eu acordei diferente.
Eu deixei nos cabides todas as saias que me enfeitam no dia a dia.
E naquele dia eu vesti um jeans apertado.
Eu sei.
Ah!
Eu sei.
Mil poemas não poderiam me descrever naquele momento.
Naquele dia em que eu acordei diferente!
E os meus olhos continuaram escondidos por trás de óculos escuros...

Naquele dia o mundo estava igual para todas as pessoas.
Mas para mim nada soava normal, eu estava diferente!
Tudo o que eu queria era andar por aí com meus fones de ouvido.
Era ouvir ‘’Vanessa, Elis, Maysa e Nara ou Natiruts’’ enquanto caminhasse com passos lentos
ao mesmo tempo em que escondesse meus olhos.

Eu sei!
É!
Eu sei.
Naquele dia tudo poderia ter sido diferente.
Mas não haveria como ser, pois era vinte e nove de Setembro.
Então o melhor que eu podia fazer era caminhar escondendo meus olhos.
O melhor que eu poderia era vestir um jeans apertado.
A esta altura eu já estava ouvindo ‘’Vento no Litoral’’ há tanto tempo.
Eu já estava caminhando  há tanto tempo.

É!
Eu sei!
Eu estava há tanto tempo de olhos escuros.
Era vinte de nove de Setembro.
Eram nove da manhã, quando me dei conta do tempo e do espaço.
Então segurei a dor, sequei meus olhos, recoloquei meus óculos e voltei.

Em casa a vida estava vazia, mesmo assim ‘’Meus Vinte Anos’’ tocava no áudio.
E eu de óculos me deitei no chão.
Jogada com meus tênis e meus jeans enquanto a música me fazia refletir.
Senti uma saudade amarga.
Era vinte e nove de Setembro.
E alguma coisa o durante aquele dia me incomodou, mas no dia seguinte eu sabia que seria diferente, por que afinal não seria vinte e nove de Setembro...

(Daniela Dias)