Prosa Poética
(Aos que pretendem ler, peço que leiam com calma, o texto é longo e eu o escrevi num momento de tormento.)
O profundo, o profano! O veneno da minha alma, eu mesma tenho sido...
Hoje acordei diferente!
Senti que meu corpo não é o mesmo.
(Aos que pretendem ler, peço que leiam com calma, o texto é longo e eu o escrevi num momento de tormento.)
O profundo, o profano! O veneno da minha alma, eu mesma tenho sido...
Hoje acordei diferente!
Senti que meu corpo não é o mesmo.
Nem mesmo meu interior é aquilo que
eu ontem acreditava piamente.
Em silêncio levantei-me da minha cama macia com lençóis de borboletas.
Andei pela casa feito uma moribunda.
Em silêncio levantei-me da minha cama macia com lençóis de borboletas.
Andei pela casa feito uma moribunda.
Fui até o banheiro escovei os dentes.
E ao lavar o rosto me olhei no espelho.
Vi meu reflexo embaçado.
Tive medo!
E ao lavar o rosto me olhei no espelho.
Vi meu reflexo embaçado.
Tive medo!
Tenho envelhecido.
Tenho suportado dores constantes, dores no corpo, dores na alma.
Mas, nada tenho feito a este respeito.
Tenho suportado dores constantes, dores no corpo, dores na alma.
Mas, nada tenho feito a este respeito.
Tenho sido veneno para mim mesma...
Profundo, profano! Apenas tenho sentido, apenas tenho observado.
Não tenho vivido como quero.
Ao encher minhas mãos de água para lavar o rosto vi minhas unhas pintadas de azul.
O fato é que não gosto de esmalte azul, eu as pintei para me enquadrar à moda.
Para não me sentir inferior perto das outras mulheres.
E agora que me dei conta disto, o que
posso pensar é que:
- Tenho sido veneno para mim mesma...
Pensei em minha sobrancelha, eu gosto dela rala e sem graça!
No entanto, marquei horário num salão para me adequar. A que? Por quê?
Tenho feito coisas adequadas demais.
Tenho chorado em silêncio no chuveiro.
Tenho notado meu corpo enrugando, meus peitos já não são os mesmos.
Saí do banheiro desapontada comigo mesma.
Não por isso, e sim pelo fato de perceber que tenho sido veneno para mim mesma...
Profundo, profano!
Sentei-me no sofá enquanto a cafeteira coava o café por mim.
Não gosto do café coado em cafeteira, comprei-a por modismo.
Não só a cafeteira quanto tantas outras coisas elétricas.
Acreditei que as comprando teria mais tempo livre para meu filho, mais tempo livre para com meus livros e para escrever.
No entanto, dei-me conta que isto é apenas um modo que encontrei de burlar minhas obrigações.
Tenho sido veneno...
- Tenho sido veneno para mim mesma...
Pensei em minha sobrancelha, eu gosto dela rala e sem graça!
No entanto, marquei horário num salão para me adequar. A que? Por quê?
Tenho feito coisas adequadas demais.
Tenho chorado em silêncio no chuveiro.
Tenho notado meu corpo enrugando, meus peitos já não são os mesmos.
Saí do banheiro desapontada comigo mesma.
Não por isso, e sim pelo fato de perceber que tenho sido veneno para mim mesma...
Profundo, profano!
Sentei-me no sofá enquanto a cafeteira coava o café por mim.
Não gosto do café coado em cafeteira, comprei-a por modismo.
Não só a cafeteira quanto tantas outras coisas elétricas.
Acreditei que as comprando teria mais tempo livre para meu filho, mais tempo livre para com meus livros e para escrever.
No entanto, dei-me conta que isto é apenas um modo que encontrei de burlar minhas obrigações.
Tenho sido veneno...
Olhei para minha estante de caixotes cheia de livros bonitos!
Livros que comprei livros que ganhei e livros que achei por aí no lixo.
Abri um desses livros ‘’O Mochileiro das Galáxias, volume 1’’ e li.
Li cinco ou seis páginas de onde eu tinha parado no dia anterior.
A verdade é que comprei a coleção deste livro porque estava na promoção,
mas ainda não consegui saboreá-lo.
Dei-me conta mais uma vez que me deixei levar pelo modismo, até no meu mundo favorito, meu mundo dos livros...
Me vesti, fui para o trabalho, hoje resolvi ir a pé.
Resolvi ir por uma rua diferente do que de costume, li placas pelo caminho, placas diferentes do caminho de sempre.
Vi tanto lixo jogado nas ruas. E tantas propagandas que fazem com que pessoas como eu neste momento se tornem um veneno para si mesmas... Frustrei-me!
Profundo, profano!
Pensei em tudo o que tenho feito apenas por ser conveniente e convencional.
Tive vontade de estar na natureza, vontade de estar deitada no mato ouvindo os pássaros e olhando para as nuvens, independente se o céu estivesse azul ou estrelado.
Mas...
Não posso.
Não posso...
E no meio do caminho me perguntei:
- Quem sou eu?
Engoli um choro que deveria ter sido chorado.
Cheguei ao trabalho e percebi que nada lá fazia sentido.
Lá não é o meu lugar, mas preciso estar todos os dias de 09h00min ás 18h00min.
Por que no caminho do trabalho têm muitas placas, placas me dizendo que preciso ter coisas, coisas que custam dinheiro.
Preciso daquele trabalho, para ter dinheiro, dinheiro suprir minhas necessidades,
e comprar coisas que estão naquelas placas.
Preciso de um emprego e de dinheiro para cumprir compromissos, para me manter na tal sociedade.
Tenho sido veneno...
Profundo, profano, veneno para mim mesma!
Durante o dia inteiro pensei no quanto tenho sido fútil.
Na faculdade que quero fazer e não tive coragem, nos livros que quero escrever, mas, que não admito que quero.
Pensei na vida que eu realmente gostaria de ter, mas tenho medo.
São tanto, mas.
Pensei em quantas coisas eu gostaria de dizer às pessoas que me rodeiam e eu não digo.
Às vezes tenho vontade de dizer verdades, mas sinto que não tenho este direito,
então me recolho ao poço profundo que tem se tornado meu coração,
que tem estado cheio de dores, mágoas e lágrimas que quis chorar e não chorei.
Uma dose diária de veneno para mim mesma...
Finalmente o dia acabou, caminhei de volta para casa pelo caminho que fiz na ida.
Chequei em casa, dei um beijo bem grande no meu filho, outro nos gatos.
Deitei-me no sofá enquanto me olhava num pequeno espelho embutido no meu batom vermelho.
Quis ouvir o áudio do poema tabacaria e eu o ouvi.
Enquanto eu ouvia as palavras que um dia foram magnificamente escritas por Fernando Pessoa meu coração sentia e entendia aquelas palavras.
Todas as palavras contidas naquele poema me descreviam.
Então, uma lágrima rolou.
E eu dei-me conta do profundo, profano veneno que tenho sido para mim mesma.
O que farei de agora em diante?
Levantarei-me para me preparar para um novo dia.
Até que eu tenha coragem de encarar o que tem sido.
O profundo, o profano!
O veneno da minha alma, eu mesma tenho sido...
Daniela Dias
Profundo, profano, veneno para mim mesma!
Durante o dia inteiro pensei no quanto tenho sido fútil.
Na faculdade que quero fazer e não tive coragem, nos livros que quero escrever, mas, que não admito que quero.
Pensei na vida que eu realmente gostaria de ter, mas tenho medo.
São tanto, mas.
Pensei em quantas coisas eu gostaria de dizer às pessoas que me rodeiam e eu não digo.
Às vezes tenho vontade de dizer verdades, mas sinto que não tenho este direito,
então me recolho ao poço profundo que tem se tornado meu coração,
que tem estado cheio de dores, mágoas e lágrimas que quis chorar e não chorei.
Uma dose diária de veneno para mim mesma...
Finalmente o dia acabou, caminhei de volta para casa pelo caminho que fiz na ida.
Chequei em casa, dei um beijo bem grande no meu filho, outro nos gatos.
Deitei-me no sofá enquanto me olhava num pequeno espelho embutido no meu batom vermelho.
Quis ouvir o áudio do poema tabacaria e eu o ouvi.
Enquanto eu ouvia as palavras que um dia foram magnificamente escritas por Fernando Pessoa meu coração sentia e entendia aquelas palavras.
Todas as palavras contidas naquele poema me descreviam.
Então, uma lágrima rolou.
E eu dei-me conta do profundo, profano veneno que tenho sido para mim mesma.
O que farei de agora em diante?
Levantarei-me para me preparar para um novo dia.
Até que eu tenha coragem de encarar o que tem sido.
O profundo, o profano!
O veneno da minha alma, eu mesma tenho sido...
Daniela Dias