(Estamos tão acostumados a mentir e ouvir mentiras que nos magoamos
quando precisamos dizer ou quando ouvimos a verdade.)
Máscaras
Estatísticas?
Tenho trinta anos.
Não sei nada sobre mim.
Não sei nada sobre a vida.
O que eu escrevo são pensamentos.
Pensamentos sem conhecimentos.
E ainda sim, tenho me sentido mais segura.
Estatísticas?
Tenho trinta anos.
Perdi-me dos círculos sociais.
Não gosto mais das rodas de bate papo.
Tenho preferido acompanhar os animais.
E ainda sim, tenho me sentido mais segura.
Estatísticas?
Tenho trinta anos.
Percebi na verdade, que tudo tem sido um monte de nada.
E que temos vivido por de traz de cortinas ilusórias.
Máscaras pregadas ao rosto 25 horas.
Tenho ficado em casa com meus livros e meu incansável digitador de textos.
E ainda sim, tenho me sentido mais segura.
Estatísticas?
Tenho trinta anos.
E talvez a crise dos trinta tenha me acertado em cheio.
Não consigo mais mentir, cansei de contornar com rodeio.
Primeiro eu anoto, depois releio.
Sinto que estou enlouquecendo!
Será que estou amolecendo?
Tudo tem sido meras estatísticas.
Tenho trinta anos...
Estatísticas?
Tenho trinta anos.
Cansei de não dizer o que realmente quero dizer,
só para não causar desconforto.
Tenho sido quase um ser humano morto.
De tanto fingir ser aquilo que não sou, minha força se esgotou.
Mesmo assim não avanço o sinal.
Máscaras pregadas ao rosto 25 horas...
Eu sei que este texto é chulo.
Eu sei que este texto é frouxo.
Eu sei que este texto é esdrúxulo.
Eu sei que este texto coxo.
Mas ele é meu.
Ele é o que estou pensando.
Estou descontente ao descrever meu descontentamento.
Mas tenho trintas anos e preciso escrevê-lo.
Estatísticas de hoje.
Tenho trinta anos.
E quero arrancar minha máscara de 25 horas.
Quero ser livre!
Quem sabe ter a chance de viver mais trinta anos,
mudando minhas próprias estatísticas?
(Estamos tão acostumados a mentir e ouvir mentiras que nos magoamos
quando precisamos dizer ou quando ouvimos a verdade.)
Por: Daniela Dias.