Tantos passos!
Quando nascemos, ninguém nos prepara para despedidas.
Na primeira, na segunda e na terceira infância, ninguém nos prepara.
Na adolescência ninguém nos prepara, mas a gente acaba se dando
conta dum jeito ou doutro.
Mas nos preparar mesmo, ninguém prepara…
Tantos passos!
Tudo o que nos preparam para acreditar é, em céu e estrelas.
Depois dos trinta ainda tenho sérias dúvidas de quanta mentira ou
verdade há nisso.
É! São tantos passos!
Não sei avaliar ainda o quanto isso me incomoda.
Sabe, o fato de não ter sido preparada para despedidas…
Tantos passos!
Tantas maneiras de chegar e partir!
Tantos registros, tantos abraços, tanto, tanto!
Tantos!
Estou tonta.
Será que algum dia estarei pronta?
Tantas maneiras de ir e vir!
E eu querendo apenas encontrar um jeito de aprender me despedir.
E eu querendo apenas encontrar um meio de me despedir e ainda ficar por
aqui.
Tantos passos!
Ainda há quantos?
Céu, estrelas, será?
Até que ponto devo
acreditar?
Se eu puder não sentir e ser
sentida?
Se eu não puder tocar ou ser tocada?
Ainda sim existirá céu?
Ainda sim existirão estrelas?
Só creio no que
posso apalpar.
Me dê asas!
Por favor, me dê asas!
Me faça voar…
Tantos passos!
E eu aqui com minha poesia tentando encontrar uma maneira
de me
despedir e ainda ficar por aqui.
E eu sei que só está sendo difícil por que
desde que nasci ninguém me preparou para despedidas…
Mas de qualquer forma, quero voar!
Estou desapegada dos passos.
Quero voar…
Quero asas gigantes!
Quero voar!
Quero
voar…
Talvez sem me despedir, voar!
Apenas voar e repousar sobre minhas
poesias.
(Daniela Dias)