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Biblioteca de Fanzines

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

(Sua voz)

(Sua voz)

Saudade!
Como não sentiria?
Tenho sido tão covarde!
Tenho sido tão!
Não sei que palavras usar.
Eu tenho tentado te esquecer o tempo todo.
E tentando te esquecer, eu sempre me perco de mim.
Eu me perco nas lembranças.
Já faz tanto tempo!
Preciso de um cigarro urgentemente…

Cigarros!
Fumar também me lembra você.
Cinzeiros, isqueiros, fumaça, cigarros.
Eu!
Às vezes eu me sento diante do mar e me lembro do seu sorriso,
da cor da sua pele e do seu perfume impregnado na minha memória.
Às vezes eu me lembro de quando você pegava aquele maldito violão
sentava-se na minha cama pra tocar e cantar às seis da manhã.
Saudades!
Como não sentiria?
Tenho tentando destruir você aqui dentro…

Eu sou vaidosa demais, e o preço da minha vaidade está sendo bem alto.
Eu sei que o meu orgulho não trará você de volta, nem minha poesia.
Mas o que posso fazer se tudo o que eu consigo, é escrever sobre você?
O que posso fazer se tudo o que eu consigo é sentir esse gosto amargo de saudade?
Olha!
É involuntário.
Eu poderia te garantir isso se você pudesse me ouvir.
Eu nunca esperei o seu perdão.
Eu nunca esperei nada além de apagar você mim…

Às vezes eu me pego andando sem rumo por aí, e quando me dou conta
o mundo é um lugar distante da minha realidade.
Às vezes eu me pego lembrando do seu sorriso.
Sabe com aquele sorrisinho inocente!
Eu tento.
Eu tento!
Eu não resisto.
Quando percebo estou diante do mar novamente.
Quando percebo estou grudada nas fotografias.
Quando percebo estou lá perdida no horizonte,
lembrando de você tocando e cantando com aquele seu maldito violão.
Aqui dentro tudo ainda está do jeito que você…


Amor e ódio andam próximos e é tão estranho sentir saudade.
Por que eu fui tão egoísta?
Por que não te abracei a tempo?
Eu estou sendo guiada pela saudade.
Eu estou inclinada a continuar assim.
Eu gostaria de um abraço!
Eu sei que é impossível.
Eu sei.
Você não está mais por aqui.
Então, mais uma vez vou me perder na fumaça.
Andar, fumar, abarrotar cinzeiros, chorar e escrever poemas sem sentido sobre você.
Mais uma vez eu vou saborear a dor, e dizer o quanto é indiscutível esquecer o som da sua voz cantando pra mim às seis da manhã…

(Daniela Dias)