Hoje!
Excepcionalmente hoje, eu me peguei revirando o lixo.
Aquele lixo que por algum motivo eu deixei dentro de mim.
E amargamente, desesperadamente hoje, única e exclusivamente hoje,
eu vivi o luto da sua partida...
Hoje! Ainda que o sentimento seja indefinidamente estranho, no entanto,
Apenas por hoje, eu rasguei a garganta e não engoli o choro.
Hoje eu soltei o ar que me valia, e aliviei a dor que nem eu mesma sabia...
Hoje!
Eu que jamais acreditei na morte ou até mesmo na dor da perda,
por que o que me vale são os momentos, finalmente entendi, sim!
Eu entendi, eu senti o lado profundo do luto.
Realmente entendi que as pessoas simplesmente se vão…
Quando varri o lixo que havia dentro de mim, finalmente entendi.
Que algumas pessoas viajam e não voltam mais.
Que algumas pessoas se mudam de cidade.
Que os caminhos mudam de direção e que algumas pessoas se vão.
Umas por que ir, outras por não, o inevitável é que elas sempre se vão…
Hoje!
Intuitivamente, única e exclusivamente me despedi.
Soltei sua mão e deixei você ir.
Deixei você e todos os que partiram da minha vida de alguma forma.
Em meio à dor, o medo e a incerteza do reencontro, encontrei bem
escondidos lá no meu íntimo o amor que os prendia…
Hoje!
Lavei dentro de mim com algumas gotas de lágrimas.
E transformei dentro de mim, fiz de mim um lugar sereno.
Libertei todos que precisavam ser libertados da minha prisão,
do meu caos e da minha loucura.
Deixei você e todos os outros seguirem em frente.
Doeu!
Aliviou!
Por mais que tenha doído, por mais que meu egoísmo ainda os quisesse prender.
Eu os libertei...
Por hora o meu fardo tornou-se mais leve, estou meio em paz, eu diria até suave.
Então, única e exclusivamente hoje eu escrevi estes versos finalizar esta despedida.
E dizer o quanto estou me sentindo livre por ter entendido que precisava libertá-los…
(Daniela Dias)