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Biblioteca de Fanzines

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

(EU)

(EU)

Às vezes fico entorpecida.
Sinto vontade de comer as palavras
engolir os pontos, os contos, os prantos.
Eu me espanto, mas não me escondo!
Eu sou assim;
Um moinho de vento com sentimentos complexos
vestidos, invertidos, pervertidos, misturados…

Às vezes eu fico entorpecida.
Como palavras com inseticida, pesticida, suicida!
Me encanto e desencanto.
Tomo cachaça, mas não dou a parte do santo.
Creio, descreio.
Amo e odeio.
Como palavras.
Como?
Eu as como.
As palavras…

Eu sou assim;
Finjo que sou poeta.
Finjo de sei escrever.
Finjo um sorriso estampado ao inverso.
Finjo que sei o que estou escrevendo.
Mas sei que não sei, sei que estou morrendo.
Comendo, mastigando e engolindo as palavras que deveriam ser vomitadas.
Eu sou assim…

(Daniela Dias)





Daniela Dias


Uma das minhas redes de publicar poesias.

https://plus.google.com/u/0/+danieladiaspoetisa/posts


quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Gratidão

Gratidão

Hoje eu acordei com uma dor de cabeça insuportável.
Com um cansaço fora do comum.
E um péssimo humor matinal.
Como se não tivesse outra escolha, eu me levantei,
tomei um banho gelado,escovei os dentes, ajeitei os cabelos,
coloquei meu uniforme, meus óculos escuros e desci para ir ao
trabalho.

Na porta do meu prédio tem um a linda roseira.
E passando por ela vi uma nova rosa aberta.
- Uma linda rosa vermelha!
Dentro dela uma abelha.
Fiquei uns trinta segundos olhando aquela rosa.
- Linda rosa vermelha com uma abelha!
Então eu me dei conta da energia positiva da vida.

Hoje eu acordei com dores físicas e um humor alterado.
Por que?
Bem, eu acordei e ao abrir os olhos eu vi a vida.
Eu me locomovi com facilidade por que tenho bons olhos.
Eu desci escadas por que tenho bons olhos.
Eu vi uma linda rosa desabrochada com uma abelha por eu tenho bons olhos.
Então...
Estou grata!
Estou  infinitamente grata por hoje.
Infinitamente grata por meus olhos serem saudáveis!

Hoje eu só quero agradecer a Deus por este dia.
Mesmo com as dores, mesmo com o humor ruim.
Hoje eu só quero agradecer a Deus por ter bons olhos e por existir.
Mas eu quero dizer olhos que enxergam a vida bem do jeito que ela é.
E por existir complemente!
Por existir sabendo dar sentido a este existir.
Paz, saúde e olhos sãos.
Obrigada Deus.
Eu te contemplo por esta flor.

(Daniela Dias)

E quando;


E quando;

E quando doer, e quando sangrar, e quando dormir  de tanto chorar,
e quando seu pranto doer e a saudade te enlouquecer
Lembre- se de nós!
Lembre-se…

E quando a dor apertar; e quando impetuosa a saudade se tornar;
Lembre-se que já houve um nós.
E quando!
E quando faltar o ar; e quando faltar palavras;
E quando o vazio te rasgar e o seu peito sufocar;
lembre-se que nós existimos...

E quando você se sentir numa miragem,
e quando você não conseguir mais se segurar.
E quando seu coração não mais suportar,
lembre-se que já fomos um corpo só
ainda que em meio ao um pequeno nó...

Quando!
E quando seus segredos de amor estiverem transbordando;
E quando você não tiver mais lenços para secar os olhos
quando você olhar pela janela, e perceber no meio da tristeza
que o entregador de flores parou de te visitar, não fique triste!
Lembre-se!
Já existiu um nós…

Ei!
Quando a saudade te sufocar;
E você não conseguir mais suportar;
Lembre-se!
Lembre-se!
Apenas lembre-se.
E depois engula e esqueça, porque esquecer será o
único e o melhor remédio…

 (Daniela Dias)

R$ Cifrões R$

R$ Cifrões R$


De um modo filosófico, volta e meio me deparo com o seguinte questionamento:
- Quanto custa ser quem sou?
Não o custo emocional, mas o custo real.
Bem, vou detalhar uma fotografia  minha, para responder ao meu pensamento.

O vestido custou R$10,00.
A calcinha, R$12,00.
O batom, R$6,00.
O perfume, R$68,00.
O desodorante, 9,00
Os óculos, R$115,00.
O sabonete, R$2,00.
O creme dental, R$2,00.
A escova de dente, R$ 6,00
O fio dentel, RS2,50.
O salão R$55,00.
O prendedor de cabelo, R$1,00

O colar, os brincos, o anel e a aliança foram presentes.
O aluguel, a energia, o condomínio onde as fotos são tiradas.
A câmera que fotografou, a comida, os lençóis, a água, a internet,
o caderno, a caneta, o computador onde digitei estas letras...
Infinitamente!
Tudo custa dinheiro...

De um modo filosófico significante pude compreender,
que tudo o que me alimentou até o ponto em que fiz a pose para
esta fotografia, custou muito.
Custou e ainda custa muito!

E mesmo assim ainda me pergunto.
- Quanto custa ser quem sou?
Por que eu me pergunto isto se o que me importa na verdade,
não são os cifrões desta tabela digitada?
A pergunta não está bem direcionada.

- Quanto custa ser quem sou?
Acredito numa resposta bem acertada.
Por que no fim de tudo, morrerei e serei enterrada.
E minha herança serão alguns poemas durante a jornada.
E o que custou muito, não custará mais nada...


(Daniela Dias)

(Baú)

(Baú)

Existem algumas frases que nunca deveriam ser ditas.
- Principalmente perto de crianças.
Existem algumas frases que nunca deveriam ser ouvidas.
- Principalmente pelas crianças.

Atenção!
Precisamos cuidar de nossas falas e de nossas atitudes.
Nem tudo o que dizemos fica espalhado ou perdido no vento do tempo.
Principalmente perto das crianças.
Observe!
As crianças crescem, mas elas não perdem tudo o que ouviram.
E isso é uma lamento…

(Memórias)

Existem algumas frases que nunca deveriam ser ditas.
- Principalmente perto de crianças.
Existem algumas frases que nunca deveriam ser ouvidas.
- Principalmente pelas crianças.

Atenção!
Precisamos cuidar de nossas falas e de nossas atitudes.
Nem tudo o que dizemos fica espalhado ou perdido no vento do tempo.
Principalmente perto das crianças.
Observe!
As crianças crescem, mas elas não perdem tudo o que ouviram.
E isso é uma lamento…

Baú/Memórias
10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1, 0…
Regressão.
Lembrando.
Memórias/Baú
0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10…
Esquecendo…

[ crianças, falas, baú, memórias, 1, 2, 3…lembrando, atenção, esquecendo, 10, 9, 8 ]

(Daniela Dias)

Amor

Amor

Hoje é domingo.
O dia está lindo!
Sem pensar em desamores, inimigos, saudades ou desabrigos
estou  aqui escrevendo com minha caneta buliçosa, nesta manhã preguiçosa.

Adoro domingos chuvosos!
Estou aqui sentada no sofá da varanda, com uma caneca de chá quente
exalando seu perfume atraente.
 Longe de qualquer negatividade, estou eu aqui mais uma vez
escrevendo com minha caneta buliçosa, nesta manhã preguiçosa.

Elis no play só pra me manter em paz.
Nada de dor.
Nada de saudade.
Nada de amargor.
Nada de fragilidade.
Somente amor…

Amor!
Só amor!
Só com amor!
Só por amor.
Só para o amor, estou aqui sentada despida no corpo, sem máscara na cara,
sem laços na alma, escrevendo com minha caneta buliçosa, nesta manhã preguiçosa.

Amor!
Amor!
Amor.
Só o amor eu quero registrar.
Amor.
Amor.
Amar.
Nesta manhã maravilhosa, só o amor vale eternizar…

(Daniela Dias)


Apertem o Play

https://www.youtube.com/watch?v=g4aAAktRTtE&index=4&list=PLP6dIFMGQLVgJcIMowNAcLsJj3cVKCI1y

Eu amo ES


terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Contradição

Contradição

Eu gostaria de desenhar minha alma.
Apagar minha dor.
Resistir ao fim do sono profundo.
Engolir a minha calma.

Eu gostaria de ascender a minha alma.
Morrer.
Quem sabe ver a vida outro lado?
Morrer.
Quem sabe estar do outro lado vendo este em que me encontro agora?
Morrer.
Quem sabe sendo um corpo vivo com a alma morta?
Morrer.
Quem sabe poder voar pra todo lado, sentir um alívio?
Morrer.
Quem sabe poder ver, ouvir e notar sem ser vista, ouvida ou notada?
Morrer.
Ser egoísta a este ponto e ponto final.
Afinal!
Morrer não é uma escolha, querendo ou não morremos mesmo.

Eu gostaria de ascender a minha alma.
Morrer.
Reviver depois da experiência da morte.
Morrer e viver sem que isso fosse um choque para todos.
Morrer.
Apenas sentir como seria o outro lado.
Ainda que eu acredite que ele não exista.

Eu gostaria de desenhar minha alma.
Apagar minha dor.
Resistir ao fim do sono profundo.
Engolir a minha calma.

É duro ver a mim mesma de dentro pra fora.
Até na morte sou contradição.
Egoísta, ignorante, um cão.
É duro conviver comigo mesma.
É duro querer e não poder.
- Morrer…

Daniela Dias.


(Família)

(Família)

Comi.
Mastiguei.
Mastiguei.
Mastiguei.
Engoli.
Ruminei.
Remoí.
Embrulhou-me.
Vomitei.
Comi novamente.
Depois cuspi…

(Família)

Por que comi?
Por que mastiguei?
Por que mastiguei?
Por que mastiguei?
Por que engoli?
Por que ruminei?
Por que remoí?
Por que me embrulhou?
Por que vomitei?
Por que comi novamente?
Por que depois cuspi?

Sei lá!
Era mágoa!
Era dor!
Era tudo o que eu não queria.
Comi e cuspi noite e dia.
Era dor!
Não era alegria.
Era mágoa!
Não era poesia

Dor!
Era dor
Era dor!
Era dor!
Era família…

(Daniela Dias)

(Narração) -Cartas Lacradas-



(Narração)

-Cartas Lacradas-

Pouco tempo atrás, um ano mais ou menos, eu conheci uma garota comum.
Eu não vou descrever sua aparência física, nem dizer o que ela costuma fazer para
 não comprometer sua identidade. Mas ela é uma garota aparentemente fria.
Fria como uma rocha, uma rocha até macia eu diria.

Quando nos conhecemos ela estava em olhando para o mar, eu fiquei observando-a.
Ela olhava, olhava perdida como se estivesse procurando alguma resposta.
Deixei os amigos de lado e fui até ela, senti que precisava.
Nos olhamos, sorrimos e depois do aperto de mãos, nos abraçamos.
Não dissemos nada, apenas nos sentamos e ficamos lá olhando o vai e vem das ondas.
A partir daí estabelecemos um contato, uma amizade.

Outro dia ela me pediu para encontrá-la, e escrever um sentimento dela, pois ela mesma
não saberia. Na verdade, eu não gosto deste tipo de pedido, por que tenho medo de escrever e não corresponder à expectativa solicitada. Mas eu senti que talvez pudesse, expliquei todas estas coisas pra ela, sobre o lance de escrever, como é pra mim.
- Escrever é uma coisa que vem de dentro.

Então fui encontrá-la num barzinho desses bem ‘’boteco’’ mesmo.
Ela vestia uma blusa xadrez, um jeans batido e um usava um brinco bem elegante.
Só de olhar pra ela já percebi que não era sobre alegria que ela queria que eu escrevesse.
Nos sentamos, pedimos uma cerveja pra ela e duas doses de cachaça com limão e sal pra mim.
Fizemos todos os cumprimentos que as pessoas fazem quando se encontram nos sentamos.
Uma pausa de silencio e nenhum sorriso, embora eu até tivesse tentado.

Depois do brinde a vida, a amizade e a poesia e dois copos ela abriu o maço de cigarros,
tirou um isqueiro verde do bolso e o acendeu.
Tragou três vezes com muita força, abaixou a cabeça como se não sentisse coragem mais
 pra falar, eu a encorajei.  ‘’Pode falar sem medo. ’’
Ela parecia amarga, fria, petrificada e naquele momento tudo o que eu precisava era ouvi-la.
 Ouvir o que ela tinha a me dizer, ouvir o que ela precisava me dizer.

Então eu fiquei em silêncio olhando pra ela que já estava acendendo o segundo cigarro.
Tentei esvaziar a mente e atravessar aquelas paredes rochosas em volta dela.
Eu sei que ela só me chamou até lá por que sabia que eu tentaria.
‘’Ver além do que estava por fora. ’’
Então ela me contou o que a afligia naquele momento:
- Eram as cartas fechadas…

(Notem que fiz várias perguntas em meio ao que ela me contava para produzir o texto daqui em diante. Eis agora a narração mais profunda que já escrevi até hoje.)

Quando menina, ela morava com seu pai.
Sua mãe havia a deixado lá com ele por algum motivo.
Ela não tinha memórias que sua mãe a visitava ou ligava.
Naquela época também não havia telefones ou celulares como hoje,
apenas um orelhão em frente a sua casa.
Lembrava-se de uma tia materna que a visitava algumas vezes com pequenos presentes;
Balas, bombons, frutas…

Uma vez esta tia foi visitá-la e perguntou a ela se ela sabia ler e escrever.
Ela ainda era pequena, era claro que não sabia.
Então esta tia disse a ela para aprender, e lhe deu um endereço da casa de sua mãe.
Disse para ela aprender bem logo e a impulsionou a escrever cartas.

Então quando ela guardou aquele papel com endereço dentro de seu travesseiro.
Se esforçou bastante e naquele mesmo ano aprendeu.
Assim que aprendeu a ler e escrever, ela começou a escrever as tão sonhadas cartas para sua mãe. Eu perguntei o que ela escrevia e então ela fez esta narração.

(Cartas)

1ª Carta
De: xxxxxxxxx
Para: Mamãe

Querida mamãe eu sua xxxxxxxx filha. Estou com xx anos, e eu moro aqui em xxxxxxxxx/xx.
Eu estudo na escola xxxxxxxx e estou na xxxx série. Eu queria muito te ver um dia.
Eu sonho conhecer a senhora. Beijos te amo.

Assinado: xxxxxxxxx sua filha.


2ª Carta
De: xxxxxxxxx
Para: Mamãe

Querida mamãe acho que a senhora não recebeu minha carta, todo dia eu espero o carteiro e ele fala pra eu esperar mais um pouco que sua carta vai chegar.  Acho que você não recebeu ainda por isso estou te mandando outra. Hoje eu fui ao dentista da escola e fiz obturação.
Eu não chorei lá no dentista, por que no dia que você vir me buscar eu quero estar com o dente bem bonito.  Beijos te amo.

Assinado: xxxxxxxxx sua filha.


3ª Carta
De: xxxxxxxxx
Para: Mamãe

Querida mamãe acho que a senhora não recebeu minha carta ainda, o carteiro me falou que o caminhão do correio tombou e que ele aposta que minha carta estava lá naquele caminhão. Então estou te mandando esta, por que dessa vez você vai receber. Eu vou dançar quadrilha na escola daqui uns dias. Meu sonho é você vir me buscar. Eu te amo muito! Beijos te amo.

Assinado: xxxxxxxxx sua filha.



4ª Carta
De: xxxxxxxxx
Para: Mamãe

Querida mamãe acho que a senhora não recebeu minha carta ainda, o carteiro me falou que a moça do correio foi ganhar um bebê e não está trabalhando, por isso minha carta não deve ter chegado. Então estou te mandando mais esta. Agora eu vou escondida lá no correio perguntar se sua carta chegou, por que eu acho que o carteiro não está trazendo minhas cartas. Eu vou ser a princesa Isabel na escola daqui uns dias, eu gosto muito da história dela. Mamãe eu estou sonhando com você todo dia. Também estou aprendendo a fazer comida e limpar casa, aqui todo mundo me fala que sou igualzinha você, faladeira e trabalhadeira. Vem me buscar. Eu te amo muito mesmo. Beijos te amo.

Assinado: xxxxxxxxx sua filha.


5ª Carta
De: xxxxxxxxx
Para: Mamãe

Querida mamãe xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Beijos te amo.

Assinado: xxxxxxxxx sua filha.


6ª Carta
De: xxxxxxxxx
Para: Mamãe

Querida mamãe xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Beijos te amo.

Assinado: xxxxxxxxx sua filha.


7ª Carta
De: xxxxxxxxx
Para: Mamãe

Querida mamãe xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Beijos te amo.

Assinado: xxxxxxxxx sua filha.


8ª Carta
De: xxxxxxxxx
Para: Mamãe

Querida mamãe xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Beijos te amo.

Assinado: xxxxxxxxx sua filha.


xxª  Carta
(Última)
De: xxxxxxxxx
Para: Mamãe

Querida mamãe eu sei que você não vai receber esta carta, mesmo assim vou escrever.
Meu avô me disse que você está presa num castelo, que uma bruxa má te prendeu nele e que você está esperando um príncipe te soltar.  Me perdoa por duvidar de você naquela outra carta que eu escrevi. Eu te amo muito, não sabia que você estava presa. Aqui onde eu moro não tem bruxa, mas tem saci, tem vampiro e alma penada perto do cemitério e eu morro de medo deles. No meu quintal também tem uma arvore que fala.
Eu sinto saudades de você, queria muito te ver, te conhecer, te dar um abraço do tamanho do rio. Mas eu sei que você está presa num castelo esperando um príncipe te soltar pra depois vir me buscar. Todos os dias eu rezo pra este príncipe ir logo aí.  Beijos te amo.

Assinado: xxxxxxxxx sua filha.



Bem, ela me contou tudo o que escreveu em todas as cartas com riqueza de detalhes.
Mas eu reproduzi apenas algumas com a máxima integra.
É claro que usei a linguagem de um adulto, e não a de uma criança; mas segundo ela suas cartas eram cheias de flores, corações, desenhos e beijos de batom que ela passava escondida.

O tempo passou e sua mãe nunca respondeu nenhuma de suas cartas.
Ela se lembra de ter mandado no mínimo umas vinte e poucas.
Então ela foi se ocupando de outras coisas e foi crescendo, mas ver o carteiro era ver um fio
de esperança. Ela sempre se sentia apreensiva quando ela passava na rua dela.
No fundo no fundo, ela sempre esperou uma resposta, mesmo sabendo que não teria.
Depois ela pensou que sua tia devia ter passado o endereço errado.
Depois ela deixou pra lá.
Cresceu e esqueceu as cartas…

Na adolescência ela finalmente foi morar com sua mãe, conhecê-la.
Bem, as coisas não foram como ela sonhava, mas ainda sim ela estava muito feliz.
Ela morou apenas dois meses com sua mãe, e nesses dois meses ela cuidava da casa e dos irmãos menores. Não demorou muito pra ela perceber que castelos e príncipes não existiam.
E uma mãe idealizada também não.

Quando ela conheceu a mãe contou a ela que tinha mandado muitas cartas, e a mãe disse que nunca recebeu. Ela ficou aliviada! Muito aliviada.
Embora tivesse percebido que o endereço que ela mandava as cartas era mesmo aquele.
Mesmo assim ficou aliviada…

Um dia ela foi arrumar a casa e levantou o colchão da cama para limpar as grades e
encontrou lá dentro de uma sacola da loja c&a todas as cartas que ela havia mandado.
E todas as cartas estavam lá guardadas, amareladas, lacradas, fechadas…
Seu coração disparou!
Ela sentiu uma dor profunda no peito, dor do desprezo, dor da mentira, dor da infância.
Abriu todas as cartas e leu novamente.
Chorou , chorou, chorou.
Levou até o fundo do quintal e ateou fogo…

Acabou de limpar a casa e cuidar dos irmãos.
Esperou a mãe chegar para que os irmãos não ficassem sozinhos e durante a madrugada fugiu de casa. Foi embora e nunca mais voltou a morar com ela. (a mãe)
Naquele dia ela enterrou a esperanças, ou melhor, queimou junto com aquelas cartas.
Eu nem posso imaginar como isso foi pra ela, posso escrever, mas não posso nem imaginar tamanha dor que ela me descrevia naquele momento.

Parece que eu havia mergulhado no mais profundo da vida dela e voltado.
Eu não agüentaria ter passado por aquilo.
Acho que pouca gente agüentaria.
Nessa altura eu já havia tomado mais três doses e ela também.
Eu que deixei de ser fumante há dois anos, senti vontade de devorar aqueles cigarros dela.
Mas não o fiz, afinal a dor não era minha. Não posso sentir a dor de outro alguém.

Eu não pude acalmá-la, nem dizer palavras reconfortantes.
Eu não sei fazer este tipo de coisa, e pouca gente sabe disso.
As pessoas me idealizam pela minha poesia e eu preciso deixar claro que não sei mesmo.
Não sei dizer coisas doces, nem confortar quem chora.
Mas eu sabia desde que a encontrei e me sentei naquele boteco que eu podia escrever os sentimentos dela. Eu sabia que podia, eu sabia que eu precisava. Então o fiz…

Bem, convidei ela pra ir a minha casa e ela foi, sentou-se no meu sofá e dormiu de tanto chorar. Eu não chorei com ela, mas quis. Liguei para Eddy pra avisar que ela estava lá chorando no nosso sofá, que ela estava lá precisando de mim naquele momento. E ela de tão maravilhosa nem hesitou ajudá-la. Por isso ela é essa rocha fria.

Acontece que ela já havia esquecido daquilo tudo e se lembrou por que uma amiga havia lhe mandado uma carta via Correios com um cartão postal da Noruega.
Quando ela viu aquele envelope:

De: xxxxxx
Para: xxxxxxx

Isso foi o bastante para tudo vir à tona, sabe aquele envelope com no nome dela.
Aquele carteiro procurando por ela.
Ela relembrou de tudo e então ela me ligou, me encontrou me contou tudo o que eu escrevi aqui. Ela me pediu para transformar isso num conto, e eu me sentei aqui agora com a certeza que um conto não cabe nesta história.

Eddy já chegou em casa.
Então ficamos olhando ela dormir por um tempo.
Senti a dor dela e só por isso estou sendo capaz de transmiti-la.

Mais uma dose e cá estou eu super bêbada narrando esta trajetória.
A trajetória das cartas lacradas.
Das cartas que foram escritas e não foram lidas.
Das cartas de uma filha para uma mãe.

As cartas dessa minha amiga que está jogada no meu sofá.
Dessa amiga que confiou a mim escrever a dor dela.
Dessa amiga que eu quero abraçar tanto, tanto como se o abraço fosse do tamanho do rio como ela mesma gosta de dizer.

Eu nunca tenho certeza de nada na minha vida por causa da minha inconstância.
Mas quer saber?
Eu tenho um grande certeza neste momento:
Eu nunca mais vou olhar um envelope de carta da mesma maneira.
Eu nunca mais vou olhar pra um carteiro da mesma maneira.
Eu sempre vou me lembrar das cartas dela.
Das cartas que ela escreveu, do jeito que ela me contou.
Eu nunca mais vou esquecer daquelas malditas cartas que feriram o coração dela.
Daquelas cartas lacradas…

FIM…

Observação:
Minha amiga acordou se sentindo bem hoje, leu esta a narração e aprovou.
Pediu que eu publicasse nas minhas redes, o que vou fazer com muita honra.
Então esperamos que alguém leia, afinal é um texto grande.
Ela vai ficar perambulando minhas redes que eu sei.
E só agora me dei conta que não sou eu quem estou escrevendo e sim ela por meio de mim.
Só agora entendi que ela está esperando que alguém leia aquelas malditas cartas que não foram lidas por sua mãe.
Estou feliz e grata por isso.
Hoje me sinto merecedora de existir
só por ter conseguido escrever esta narração para ela.
Minha amiga do outro lado da tela, que está esperando que alguém a leia.

História real de; xxxxxxxxx.
Narrada por; Daniela Dias.


(Sobre afirmações)

(Antes de qualquer coisa devo informar; não é poesia, é sarcasmo e chateação.)

Hoje eu precisei engolir a seco e ter coragem para abandonar o lirismo e escrever este texto.
Que fique claro, não é poesia. É apenas uma maneira que encontrei de extravasar o aborrecimento, a raiva. Hoje eu quero escrever sobre uma estatística que eu mesma formei.
E eu nem vou ficar chateada se ninguém passar por aqui pra ler este texto arrogante gigante.
Eu sei que no fundo eu só preciso escrever para desabafar, tenho me sentido tão impotente…

(Sobre afirmações)

Afirmação!
Imprópria.
Sem ópio.
Sem ócio.
Sem ofício.
Irreal.
Cruel.
Perigosa.
Infame.
Inflame!
Frustrante;
Inconveniente.
Cuidado!
Muito cuidado com as palavras!

Parece loucura, mas cinco ou seis a cada dez seres humanos, tem a força de Sanção nas palavras na hora de afirmar coisas extremamente grosseiras sobre a sexualidade do outro ser
humano que não cabe dentro do seu corpo, nem do seu contexto, moral, cívico, religioso.
Afirmam sobre o outro, como se fossem as verdades absolutas de suas próprias vidas.
Aquelas que nem eles mesmos têm.
Mas por quê?
Eu me pergunto a cada afirmação irresponsável:
- Por lhes cabe afirmar sobre a vida do outro, a fé do outro, a sexualidade do outro, a religiosidade ou a falta dela na vida do outro?
Por quê?
Tenho vontade de gritar arrancando do meu peito toda agonia e desprezo que sinto.
Por quê?

Cinco ou seis de cada dez seres humanos não se importam em ferir com palavras.
Cinco ou seis de cada dez seres humanos já me abordou, ou abordou alguma amiga afirmando que nossa escolha de sexualidade se deu por conta de estupros cometidos contra nós na infância ou pelo menos afirmam que a maior parte de nós mulheres, ‘’decide’’ ser lésbica por este motivo.

Que merda é essa?
Que loucura!
Que esdrúxulo!
Que nojento e inconveniente é ter que ouvir isso!
Que frustrante!
Que desgastante!
Quanta ignorância…

1º Primeiro, eu penso que é uma tolice afirmar sobre as escolhas do outro para a própria vida dele. Afinal, já é bem difícil lidar com a própria vida. Então só me pergunto, por quê? Por que a vida do outro te incomoda tanto?

2º Segundo, se partíssemos do princípio que para uma mulher ‘’decidir, escolher’’ ser lésbica isso se deu por conta de abusos e estupros.
Opa! Calma aí!
Quantas mulheres héteros restariam neste mundo?

3º Terceiro, supondo grosseira e ignorantemente que uma mulher ‘’decide, escolhe’’
ser lésbica por que foi abusada, então opa!
Como assim?
Então as mulheres que ‘’decidem, escolhem’ ser héteros, são héteros exatamente por que foram molestadas por uma outra mulher na infância, se enojaram da situação?
 Pluft!
Tornaram-se mulheres abaladas psicológicamente e assim portanto, héteros.
Que coisa não!

Eis aí as afirmações que somos obrigadas a ouvir, chega ser grosseiro até reproduzir. E olha que estou tentando usar palavras de bom grado pra não apodrecer, nem empobrecer o texto com tanta ignorância. Com tamanha arrogância que os outros tem tido sobre mim, sobre nós, mulheres, mães, lésbicas ou héteros, por que sobre as mulheres trans, nem vou comentar neste texto, por que não teria papel que daria conta.

Afirmação:
Eis minhas conclusões a partir da ignorância alheia:

(a) MENINA ABUSADA OU ESTUPRADA POR HOMEM = MULHER LÉSBICA
(b) MENINA ABUSADA OU ESTUPRADA POR MULHER = MULHER HÉTERO
(c) MENINA ABUSADA OU ESTUPRADA POR HOMENS E MULHERES = MULHER BI?
(d) MENINA QUE NÃO FOI ABUSADA NEM ESTUPRADA = MULHER ?

Ah! A lera (d) é sem definição, pois ela teria que ter sofrido algum tipo de abuso pra escolher sua sexualidade. Dadas as estatísticas reais sobre abuso infantil e estupros, façam as contas.
De cada dez mulheres, pelo menos oito declaram que já foram molestadas, ou sofreram algum tipo de abuso na infância. Imaginem só se fôssemos levar isso do abuso definir a sexualidade a sério.

Gente! Parece tão absurdo né, ler essas coisas sem fundamento.
Mas querem saber o que é pior?
Pior é ter que ouvir isso.
Pior é ter que se deparar com gente idiota, intolerante e de boa fé fazendo essas afirmações.

Só uma dica:
Afirmar sobre a vida do outro é como andar num campo minado de bombas.
Ninguém escolhe ser gay ou lésbica, como ninguém escolhe ser hétero.
Ninguém escolhe que vai querer ser visto como um ser molestado, estuprado.
Ninguém escolhe ser vítima de tanta hipocrisia, violência, física, psicológica e verbal dessa maneira.
Ninguém escolhe ser violado de todas as formas possíveis a começar pela própria família.

Se você entende as escolhas que você fez pra sua vida, respeite as escolhas do outro.
Se você não entende, procure entender.
Deus me livre!
Mas este mundo está cheio de pessoas cruéis.
Pessoas cruéis com lâminas nas línguas.
Santa ignorância!

Imagina só se eu começasse a perguntar para as mulheres héteros se elas são héteros por que alguma mulher abusou delas na infância?
Isso seria tão nojento, tão cretino!
Imagina se eu afirmasse isso sobre elas?
Sério, desculpem a palavra, mas isso é muito escroto.
Não façam isso com ninguém.
Sério mesmo.
Termino este texto por aqui, por que meus ânimos estão exaltados.

Por favor!
Cuidado com o que vocês falam.
Por favor!
Cuidado com o que vocês afirmam.
Por favor!
Cuidado com o que vocês perguntam.
É como eu disse a vida, a estrada do outro é como um campo minado…

(Daniela Dias.)




(Nós)

(Nós)

Ao seu lado eu quero ser;
Um ser que evolui e se revela.
Viver muitos anos!
Ter uma casa amarela.
Ser uma velha, debruçada na janela.
A beira do cais sorrindo banguela.
Meu amor…

Construção diária:
Você!
Eu!
Casa amarela!
Sem cabelos pra pentear.
Sem dentes pra escovar.
Na beira do cais.
Sorrindo e nada mais.
Debruçada numa janela.
(Velhas)
Você e eu.
Nós…

- Escrevendo poesia e cantando paranauê…

Daniela Dias

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

(Relato sobre Lágrimas.)

(Relato sobre Lágrimas.)

Lágrimas!

Às vezes eu choro.
Mas não é sempre.
Às vezes!
Bem às vezes mesmo.

Outro dia o peito apertou.
A garganta soltou o nó.
Os olhos trabalharam como deveriam.
(Chorei)

Foram uma duas lágrimas apenas.
Uma em cada olho.
As duas caíram no meu braço, pois eu estava debruçada.
Senti as lágrimas mornas.
Eu nunca tinha reparado que lágrimas são mornas.
(São!)

Fechei à porta do pensamento, a porta do peito, a porta dos olhos.
Lambi as lágrimas do meu braço, remoendo por dentro, senti o sabor do sal.
Era como se eu as quisesse de volta.
De volta pra dentro donde não deveriam ter saído.

Respirei fundo.
Levantei-me donde estava debruçada.
Olhei no espelho.
Passei a mão pela cara, borrei o rosto.
Pensei:
‘’Eram duas lágrimas apenas. Duas lágrimas sobre os meus sentimentos. ’’
Então meio que sorri.
Era um sorriso amarelo.
Menos valioso que as duas lágrimas…

Lágrimas!
Lágrimas.
Que palavra bonita de significado tão abrangente!
Lágrimas que expeli.
Lágrimas que engoli.
Lágrimas que eu senti.

No fim das contas eram apenas lágrimas.
Minhas lágrimas!
Eram minhas lágrimas.
Lágrimas de mim.
Lágrimas sobre mim.
Duas lágrimas apenas foram o bastante para este poema ser rascunhado.
Minhas duas lágrimas quentes com gosto salgado.
E eu ainda estou me perguntando por que foram apenas duas…

Daniela Dias.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Desagradáveis Companhias

(Poema para meu querido amigo Nando. Nada se cria, tudo se copia, estou aqui usando suas palavras pra escrever este poema e depois ter a audácia de assinar meu nome em baixo. Me perdoe, mas foi necessário! rsrsr²)

Desagradáveis Companhias

Efeito resposta a um terno agradecimento.
Poemas são cheios de sentimentos.
Encantos, desencantos.
Como saber se a amizade vale o poema?
-Não sabemos, apenas sentimos.

Poetas
Piscianos
Positivamente apaixonados por História

Um enxerga no outro a ligeira impressão de encontro entre entidades.
Ele com seu Santo, ela com sua Pomba-Gira.
Ambos semi-ateus, nutridos por um quase deus (Buda)
E Alá que nos perdoe por isso…

A cor
A flor
A caridade
Raridade
(A poesia proporcionou.)

Poetas
Piscianos
Proseando madrugada a fora.
E agora?
(Um capítulo sem fim.)

Entre os risos e os improvisos;
Apareceu Baco e Dionísio!
- E o vinho acabou…

Sem problema!
Nada falhou.
O ponto nem é um pranto.
É riso.
É guiso.
É juízo.
E assim se foi a noite de ontem.

(Desfrutamos inteiramente de nossas degradáveis companhias.)

Daniela Dias





(Nós)

(Nós)

Ao seu lado eu quero ser;
Um ser que evolui e se revela.
Viver muitos anos!
Ter uma casa amarela.
Ser uma velha, debruçada na janela.
A beira do cais sorrindo banguela.
Meu amor…

Construção diária:
Você!
Eu!
Casa amarela!
Sem cabelos pra pentear.
Sem dentes pra escovar.
Na beira do cais.
Sorrindo e nada mais.
Debruçada numa janela.
(Velhas)
Você e eu.
Nós…

- Escrevendo poesia e cantando paranauê…

Daniela Dias




Caixa de Fósforo

(Metáfora)

‘’Para os amigos.
Para os inimigos disfarçados de amigos.
Para os inimigos.
Para o pau, para a pedra, para qualquer embaraço no meio do caminho.
Para (Você) ´´

Caixa de Fósforo

Resolvi metaforizar sobre qualquer coisa que ilustre meus sentimentos neste momento.
Eu gostaria de ser indelicada.
Eu gostaria de gritar *&$!##FFY&¨$!@@#”#  dentro do ouvido daqueles que tem feito um uso ruim da minha amizade.
Mas em vez disso.
Chorei.
Amarguei.
Engoli.
Digeri.
Evacuei.
Vomitei.
Vamos lá!
Metaforizar é sempre melhor do que gritar, espernear e xingar.
Mas fique certo(a) de uma coisa:
Eu bem que gostaria…

(Metáfora)

Ganhei uma linda caixa de fósforo.
Bem, eu fiquei desnorteada com tal presente.
Pareceu-me um presente sem valor algum.
Sentei-me numa cadeira fria que tenho num canto da sala onde eu gosto de escrever.
Coloquei meu presente sobre a mesa.
Fiquei lá parada olhando aquele presente sem sentido por um bom tempo.
Um tempo depois o guardei numa gaveta.
Como não vi utilidade alguma para aquele presente, ignorei-o…

Um tempo depois era noite e faltou luz.
Em minha casa não temos isqueiros, pois  tudo é elétrico.
Depois de alguns minutos no escuro, lembrei-me daquele presente que havia ganhado.
Caminhei tropeçando no escuro até a gaveta.
- Acendi um palito e isso bastou para meus olhos conseguirem avistar alguma coisa.
E eu fui riscando palito por palito até a caixa quase acabar…

Sem querer deixei um palito aceso cair, e este acabou por queimar meu tapete,
como demorei a perceber o incidente, o fogo alastrou e queimou uma parte da minha cortina.
Apaguei o fogo;
Que susto!
Eram palitos tão sem utilidade.
Eram palitos tão inocentes!

É lá estava eu sentada na minha cadeira fria,
aliviada por não ter colocado fogo na casa.
Coloquei a caixa sobre a mesa novamente.
Mas que presente!
Deixei a caixa entre aberta.
Havia apenas o último palito.
E eu pensei:
Que palito valioso!
Que presente valioso!

(Sem metáforas)

Às vezes ganhamos presentes valiosos e não valorizamos.
Presentes como uma amizade por exemplo.
Podemos ser o presente também.
O valor que nós vamos dar.
Ou o valor que vão nos dar, não depende apenas de nós.
Pode ser de o valor que procuramos ou o valor que damos
esteja no momento ou na necessidade do que queremos, o quanto queremos…

‘’Seja dar ou receber. ’’
Sobre o  último palito.
Ah! O  último palito.
Vale a cada um nós saber o interpretar.

(Palito de Fósforo)

Ele pode ser um inocente palito guardado.
Ele pode ser um palito que ilumina o caminho.
Ou ele pode ser um palito felino!
Um único palito de fósforo tem o poder de colocar fogo em meio mundo.

(Amizade)

A amizade é uma caixa de fósforos com palitos contidos.
Vale lembrar que palitos não se reproduzem.

(Língua)

E o que a língua fala com toda certeza é aquele último palito.
Pode iluminar.
Pode queimar.
Pode trazer a esperança.
Pode trazer a desgraça.
Pode doer.
Pode aliviar.

(Moral?)

Cada um enxerga o fundo moral que precisa.
Mas presentes precisam ser cuidados!

Palitos.
Fogo.
Iluminação.
Queimada.
Ferro.
Ferida.
Espada.
Caixa.
Estrada.
Língua!
Fogo!
Luz.
Facada.
Alvorada.
Fogo que ilumina.
Fogo que traz queimada…

Quanto valor!
Caixa de fósforo…

Daniela Dias.




Farpas Lançadas

(Este poema é a mistura de um sentimento real envolvido de sátiras. Apesar de todo meu lirismo poético, a explosão foi necessária. Explodi.)

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Farpas Lançadas

Ele usa vestido!
Ela veste gravata!
Ah, por favor!
E eu?
Eu não passo de alguém com uma faca na língua.
Eu não passo de alguém com um calabouço escondido no peito.
Ele usa vestido.
Ela veste gravata.
E eu?
E eu?
Eu não passo de um rei sem reino, eu não passo de um cão sem dono.
Eu não passo de um braço esticado apontando pra qualquer direção.

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(TRIBUNAL)
Eu?
Sou vítima.
Sou testemunha.
Sou advogado de acusação.
Sou promotor.
Sou juiz.
Sou o martelo batendo na taboa.
Sou o sentenciador.
- CULPADO!
E que se cumpram os autos…

<---                                                                                                         <---

Ele usa vestido!
Ela veste gravata!
Ah, por favor!
E eu?
E eu?
Eu sou alguém em nome da ordem!
Eu sou alguém em nome da fé!

Valha-me óh Deus!
Eu sou aquele que não usa vestido.
Ora Diabos!
Eu sou aquela que não usa gravata.
Eu sou uma alma sem coragem de ser o que realmente quero ser na jornada.
Eu sou…

<---                                                                                                         <---


Eu sou alguém atrás da rede da tela riscando fogo, gritando:
É ele!
É ela!
Vestido!
Gravata!
Liberdade?
Moral!
Nada!
Nada!
Nada!
Não!
É ele!
É ela!
Batons!
Sapatos!
Saltos!
Deus!

<---                                                                                                         <---

Ele usa vestido!
Ela veste gravata!
Ah, por favor!
Reprimo?
Oprimo?
Ora Diabos, ah!
Reprimo.
Oprimo.
Como eu queria…


Daniela Dias


<---                                                                                                         <---

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

(Festa Junina)


‘’Prometo amar respeitar, crescer e nunca esquecer.’’

Ô trem bão!
Ser criança do interiorzão!
Ir á escola.
Cortar bandeirola.
Soltar pipa!
Jogar bola.


Ser criança do interiorzão?
Ô trem bão!
Dançar quadrilha.
sonhar com ervilha.
Colar bandeirolas no barbante,
Fazer espantalho gigante!
Fazer  cola de farinha de trigo.
Pintar a cara o dentes o umbigo…


Ô trem bão!
Ser criança do interiorzão!
Juntar lenha pra fazer fogueira de São João.
Passar na rua e ver fofoqueiras de plantão.
Ô trem bão!
Cantar cirandas, soltar rojão…

Melhor ainda era ir escondida beber quentão!
Fumar sabiá.
Comer bolo de fubá.
Canjiquinha!
Canjicão!
Fazer patuá.
Em volta da fogueirarezar…

Ô trem bão!
Usar vestido velho com remendos pra todo lado.
Cabelo trançado!
Gritar:
-O lha a chuva!
Saber que era mentira.
-É mentira!

Além de tudo;
Ver aquelas professoras sorrindo pra todo lado.
Juntando  e espalhando crianças,
acenando na hora da dança!
Abre a roda!
Uoool…
Olha o caracol!

Ô trem bão!
Era ser criança.
O trem bão!
Era  Resplendor no mês de Junho.
- Festa de São João.

‘Com todas as dores, ainda sim prometo amar e respeitar, prometo cresce ve nunca esquecer.´´

O trem era estudar na Escola Olímpio Machado.
Festa Junina, bandeirola pra todo lado.
Tia Nazaré, Tia Leci e Tia Luci.
Tia Helena, Tia Almeirinda, Tia Margarethe
e todas as Tias da Merenda…

(Suspiro olhando para o céu, prometo crescer e nunca esquecer.)

Ô  trem bão..

(Daniela Dias)


sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Infância


(Escrevi este poema só por que minha infância ainda é muito presente no meu dia a dia. Recomendo a leitura com a música ‘’Boiadeiro Errante na voz de Sérgio Reis’’.)

Infância

Infância esquecida.
Infância vivida.
Panela de angu com quiabo.
Ambos cozidos nas panelas da velha Amélia
lá no ponto mais alto das escadarias do Morro do Caneco.
Enquanto na vitrola velha tocava (Boiadeiro Errante na voz de Sérgio Reis.)

´´Tocando a boiada, uê, uê, uê, boi
Eu vou cortando estrada
Uê boi
Tocando a boiada, uê, uê, uê, boi
Eu vou cortando estrada.’’

Enquanto isso,  no banco velho de madeira, o tal Zé tocava sua gaita tentando
acompanhar mais ou menos desafinado.
Galinhas pra todo lado!
Café fresco no coador de pano.
À noite no centro de umbanda Vovó Margarida e Preto Velho aconselhando,
o tambor tocando e Zureta chegando.
Uma menina na grimpa da árvore sonhando.
A noite uma oração pro Anjo da Guarda
e uma cama com três mulheres enfeitadas.
(Minha avó, minha prima e eu.)…

E depois de mais uma noite o dia já clareava.
O galo cantava.
O café cheirava.
E minha velha avó estava novamente cozinhando aquele
monte de arroz exagerado com angu e quiabo do lado.
E mais uma vez meu avô com a gaita se arriscava.
Enquanto isso estava tocando a tal vitrola novamente.
E mais uma vez (Boiadeiro Errante de Sérgio Reis.) cantava…

´´Tocando a boiada, uê, uê, uê, boi
Eu vou cortando estrada
Uê boi
Tocando a boiada, uê, uê, uê, boi
Eu vou cortando estrada.’’

Infância esquecida.
Infância vivida.
Panela de angu com quiabo.
E Sérgio Reis tocando Boiadeiro Errante na vitrola ao lado…

(Daniela Dias)


quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Terceira Pessoa

Terceira Pessoa

Daniela na terceira pessoa.
O que ela escreve não importa.
Ela disfarça as dores.
Ela engole o choro.
Ela prende a língua.
Sente no peito uma porta fechada.
Grita! Grita!Grita!
Mas não ecoa nada…

Dura.
Vaidosa.
Chora silenciosamente no chão.
De vez em quando estende a mão.
Soca o estômago para lembrar que ainda existe dor.
Sorri e canta uma música para lembrar que ainda existe amor.
Bate o pé na quina da cama.
Inflama!
Diz que odeia, mas ama…

Fria.
Vazia.
Torta com apatia.
É altamente suicida.
Sua mente, um varal.
Seus sentimentos, um sarau.
Parou de comer animais.
Mas nunca deixou de ser um.
Ela é o cão.
É ela é um caos…

(Um baú de memórias.)
Daniela na terceira pessoa.
Como eu gostaria de amá-la!
Por não conseguir, vou matá-la.
Antes que ela tome o controle e me mate…

Nascendo
1.985, 1.986, 1.987, 1.988, 1.989, 1.990, 1.991, 1.992, 1.993, 1.994, 1.995, 1.996, 1.997, 1.998, 1.999, 2.000, 2.001, 2.202, 2.003, 2.004, 2.005, 2.006, 2.007, 2.008, 2.009, 2.010, 2.011, 2.012, 2.013, 2.014, 2.015, 2.016…

Morrendo
…2.016, 2.015, 2.014, 2.013, 2.012, 2.011, 2.010, 2.009, 2.008, 2.007, 2.006, 2.005, 2.004, 2.003, 2.202, 2.001, 2.000, 1.999, 1.998, 1.997, 1.996, 1.995, 1.994, 1.993, 1.992, 1.991, 1.990, 1.989, 1.988, 1.987, 1.986, 1.985

(Terceira Pessoa)
Ah! Como eu gostaria de amá-la.
Por não conseguir, aos poucos vou a memorizando,
desmemoriando, ano a ano ruminando.
Matando, matando, matando!
Matando-a!
Para que não na me mates.
Da-ni-e-la
A terceira pessoa…

Daniela Dias.


Sobre meu novo corte:

Sobre meu novo corte:

Que o vento que antes soprava meus cabelos,
sopre agora dentro de mim.
Que o vento que enfeitava meus cabelos nas fotografias antes,
enfeite agora o meu corpo e os meus cílios, tornando assim
o meu olhar mais brilhante e cativante.
Pois, só agora sou leve do fardo de ter tantos cabelos.
Sou livre!
O vento agora pode me fazer voar…

(Daniela Dias)


quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Tempo

T
e
m
p
o

     Gosto

                      S
                      o
                      l                  

                           (LÁGRIMAS DE CHUVA)

                                                                         Lábios de Sal…

Ah!
O tempo.
O gosto.
O sol.
Nada de lágrimas com gosto de chuva.
Nada de lábios com gosto de sal.

Aprenda!
O tempo não cura nada.
O gosto às vezes acaba.
O sol de vez em quando acalma.
O gosto de chuva uma hora passa.
Mas o gosto da dor nos lábios não…

Aprenda!
De uma vez por todas entenda!

T
e
m
p
o

     Gosto

                      S
                      o
                      l                  

                           (LÁGRIMAS DE CHUVA)

                                                                         Lábios de Sal…


Ah!
O tempo.
O gosto.
O sol.
(O relógio da vida não para.)

 E O TEMPO?
- ELE NÃO CURA NADA…

Daniela Dias.

Eu Te Amei

Eu Te Amei

Hoje eu não quero poupar o paladar,
as palavras e nem esconder a dor.
(Saudade)
Maldita saudade!
Eu te amei.
Você se foi sem me dar uma chance.
Eu te amei…

Já fomos fogo.
Já fomos chama.
Já fomos seca.
Já fomos chuva.
Já fomos sol.
Já fomos sombra.
Eu te amei.
Você se foi sem me dar uma chance.
Eu te amei…

Hoje eu não vou me importar.
Hoje eu não vou sublinhar.
Hoje eu não vou esconder.
(Saudade)
Maldita saudade!
Lembranças.
Lágrimas.
Sorrisos.
Lembranças.
Ah! Lembranças.
Malditas lembranças!
Eu te amei.
Você se foi sem me dar uma chance.
Eu te amei…

Já fomos luz.
Já fomos escuridão.
Já fomos a fome.
Já fomos o pão.
Dançamos sem música, sem aptidão.
Mas fizemos isso lindamente.
Era com o coração!
Lembra?
Você se foi!
Ah! Você se foi.
(Saudade)
Ah! Saudade!
Você se foi sem me dar uma chance.
Eu te amei…

Você se foi.
Eu te amei.
Você se foi.
Eu te amei.
Você se foi.
Te amei.
Você se foi.
Amei.
Você se foi.
Ah!
(Saudade)
Você se foi.
Eu te amei…

Daniela Dias


2015

(2015)

Não me reinventei.
Aprendi pouco.
Esforcei-me pouco.
Amei pouco.
Estudei pouco.
Chorei pouco.
Sonhei pouco.
Viajei pouco.
Fiz poucos amigos.
Sorri pouco.
Não perdoei nada…

(2015)

Espiritualizei pouco.
Fumei pouco.
Bebi pouco.
Saí pouco.
Comi pouco.
Vesti pouco.
Comprei pouco.
Ajudei pouco.
Conheci pouca gente.
Ouvi poucas músicas.
Fiz pouco caso do mundo.
O mundo fez pouco caso de mim.
Recolhi-me num casulo de dores.

(2015)

Definitivamente foi um bom ano pra mim.
Dei um passo.
Progredi.
Aprendi reconhecer os erros.
Reconheci.
Agora estou forte pra caminhar.
Sair do casulo de dores e uma borboleta me tornar…

(2015)

Daniela Dias



2016


2016

Renovar é sempre bom.
Renovar é sempre preciso.
Renovar por fora.
Renovar por dentro.
Estou me sentindo maravilhosa!
Estou me sentindo leve.
Estou me sentindo livre.
Estou me sentindo forte como nunca havia me sentido antes.
Ser mulher é mesmo mágico!

(Eddy, obrigada por amar como eu era e como eu sou. Obrigada por me amar e respeitar minhas mudanças...)




terça-feira, 5 de janeiro de 2016

(Infinito Fim)

(Infinito Fim)

Infinito fim.
Vitamina amarga.
Aspas abertas e fechadas sem sentido algum.
Patrick Watson tocando, Quiet Crowd/ Halfway House sem parar.
Cigarros imaginários.
Luzes!
Sorrisos!
Certezas!
Papel em branco e uma vontade absurda de escrever
sobre o infinito fim das coisas…


Quantas vezes precisamos do fim?
Fim?
Ah!
O que é o fim?
O que é?
Quantas vezes precisamos do fim?
Quantas vezes precisamos…

Sempre sonhamos com o infinito.
Sempre desejamos o infinito.
Sempre perseguimos o infinito.
A maioria de nós busca o infinito.
A maioria de nós tatua o infinito.
É o que é o infinito?
É o que é infinito?

Quantas vezes precisamos entender?
Infinito?
Ah!
O que é infinito?
O que é?
Quantas vezes precisamos entender?
Quantas vezes precisamos…

(Abri aspas para introduzir minha fala, mas não disse nada. Tomei uma colher de chá de vitamina. Respirei. Comi uma fatia de melancia para acabar com o gosto da tal vitamina. Aquela que acabei de tomar por que eu precisava… Escrevi estas palavras sem sentido, fechei aspas… Fechei sem dizer que para mim o mais importante é o fim e não o infinito.)

O infinito sempre nos encanta!
Mas é o fim que define novos começos.
O infinito sempre nos encanta!
Mas são os recomeços que nos dão novas chances,
novos horizontes, novas expectativas, novos amores,
novos rumos, novas dores, novas, novos, novas…
E para o novo acontecer, antes é preciso que o fim faça sua parte.

‘’O fim não é apenas um ponto final sem sentido. Eu sei isso parece loucura! Eu sei isso parece ser tão sem sentindo. Mas não! Não! O fim é apenas um novo recomeço para tudo… ’’

Fim…

E depois de fim haverá um infinito ciclo de fins e recomeços…


(Daniela Dias)
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(Infinito Fim)

Infinito fim.
Vitamina amarga.
Aspas abertas e fechadas sem sentido algum.
Patrick Watson tocando, Quiet Crowd/ Halfway House sem parar.
Cigarros imaginários.
Luzes!
Sorrisos!
Certezas!
Papel em branco e uma vontade absurda de escrever
sobre o infinito fim das coisas…


Quantas vezes precisamos do fim?
Fim?
Ah!
O que é o fim?
O que é?
Quantas vezes precisamos do fim?
Quantas vezes precisamos…

Sempre sonhamos com o infinito.
Sempre desejamos o infinito.
Sempre perseguimos o infinito.
A maioria de nós busca o infinito.
A maioria de nós tatua o infinito.
É o que é o infinito?
É o que é infinito?

Quantas vezes precisamos entender?
Infinito?
Ah!
O que é infinito?
O que é?
Quantas vezes precisamos entender?
Quantas vezes precisamos…

(Abri aspas para introduzir minha fala, mas não disse nada. Tomei uma colher de chá de vitamina. Respirei. Comi uma fatia de melancia para acabar com o gosto da tal vitamina. Aquela que acabei de tomar por que eu precisava… Escrevi estas palavras sem sentido, fechei aspas… Fechei sem dizer que para mim o mais importante é o fim e não o infinito.)

O infinito sempre nos encanta!
Mas é o fim que define novos começos.
O infinito sempre nos encanta!
Mas são os recomeços que nos dão novas chances,
novos horizontes, novas expectativas, novos amores,
novos rumos, novas dores, novas, novos, novas…
E para o novo acontecer, antes é preciso que o fim faça sua parte.

‘’O fim não é apenas um ponto final sem sentido. Eu sei isso parece loucura! Eu sei isso parece ser tão sem sentindo. Mas não! Não! O fim é apenas um novo recomeço para tudo… ’’

Fim…

E depois de fim haverá um infinito ciclo de fins e recomeços…


(Daniela Dias)